David Harrad e Toni Reis, que
vivem juntos, tentavam adotar uma criança. Depois de dez anos de conflitos nos
Tribunais, enfim, no dia 11 de março de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF)
entendeu, por unanimidade, que eles tinham esse direito. Exultante, o senhor Toni
Reis afirmou: “O STF não se deixa ser chantageado pela bancada evangélica. Se
não tivesse instituições de Estado como o STF, os gays estariam sendo queimados
na fogueira como era na Idade Média ou é no Estado Islâmico”. Após a decisão,
eles conseguiram adotar Alyson, com dez anos na época, o qual era uma criança
problemática, que sofrera maus tratos em várias instituições, todas ligadas a
entidades religiosas e que não gostavam de gays. Com o passar do tempo, porém,
Alyson se “sentiu finalmente acolhido e hoje faz parte de uma família feliz e
está cheio de sonhos”, segundo Toni Reis, e termina: "Ele dança muito bem
e quer ser coreógrafo. Ele fez uma apresentação linda na comemoração das minhas
bodas com o David. Foi de chorar”. Após isso, os adotantes ainda receberam a
guarda provisória de outras duas crianças: Jéssica e Filipe. Toni afirma que
todos estão “convivendo muito bem como uma família”.
A história contada possui
contornos altruístas. Entretanto, vale a pena perguntar: Qual, realmente, é a
situação emocional dessas crianças? Quantos estudos psicológicos e sociológicos
foram feitos e quais os resultados? Em que pese a aparente boa vontade dos
adotantes, esse novo modelo de homoparentalidade se apresenta maléfico para
essas crianças, pois, se não agora, todavia, com certeza no futuro, haverá
lacunas referenciais e traumas emocionais.
No princípio, no Jardim do Éden,
Deus estabeleceu a monogamia (um homem e uma mulher), como paradigma inicial da
família. No entanto, ao longo da história da humanidade, o mais antigo e
elementar agrupamento humano, em torno do qual a civilização se desenvolve,
reinventou-se em muitos lugares e épocas, surgindo as mais variadas composições
familiares, a partir de uma deturpação do plano original (Lameque se tornou o
primeiro bígamo - Gn 4.23), como fruto de um padrão de vida distante da
presença do Senhor, adotado por Caim e seus descendentes. Depois do desvio de
Lameque, o homem não cessou de criar novos “arranjos”, tais como a poligamia
(um marido e várias esposas), a poliandria (uma esposa e vários maridos), e o
casamento em grupo (não há casais fixos, e as crianças são criadas pela
comunidade inteira). Como está escrito: "(...) Deus fez ao homem reto, mas
ele buscou muitas invenções” (Ec 7.29). Ultimamente, porém, apareceu essa nova
composição pseudofamiliar: os casamentos homoafetivos (dois homens ou duas
mulheres). Para se ter uma ideia de como é recente tal experiência, somente no
dia Io de outubro de 1989, na Dinamarca, foi oficializada, pela primeira vez na
história da humanidade, a união civil entre pessoas do mesmo sexo. Dessa forma,
o que esperar dessa novidade, tanto no tecido social, quanto em relação ao
efeito sobre crianças, que não têm condições cognitivas de se manifestarem
sobre esses arranjos da pós-modernidade? Essa é uma questão muito importante!
O simples fato de o Judiciário
autorizar o casamento de pessoas do mesmo sexo (que não tem respaldo bíblico)
não lhes outorga o direito de adotarem filhos, nem diante da lei dos homens,
nem da lei do Senhor, pois, quando a denominada lei de adoção (Lei n° 12.010,
de 3 agosto de 2009) foi publicada, não existia a possibilidade do casamento
homoafetivo, levando inexoravelmente à conclusão de que essa nova figura
chancelada (fazendo uma interpretação histórica, lógica e finalística da
legislação) não pode ser admitida para fins de adoção. Vale repisar: nunca, em
outra época, as relações homoafetivas foram estabelecidas como modalidade de
família, nem muito menos se ouviu falar que homossexuais adotassem filhos!
Como contraponto da adoção
supostamente bem-sucedida anteriormente narrada, há a história da americana
Heather Barwick, de 31 anos, a qual foi criada por um casal homoafetivo. Ela
escreve uma carta aberta aos ativistas homossexuais de todo o mundo:
“Estou escrevendo porque estou
saindo do meu armário: eu não apoio o casamento gay. Crianças precisam de uma
mãe e um pai. Mas não é pelas razões que vocês estão pensando. Não é porque
vocês são gays. Eu amo muito vocês. É por causa da natureza das relações entre
pessoas do mesmo sexo. Ao crescer, e até mesmo em meus 20 anos, eu apoiei e
defendi o casamento gay. Foi somente com algum tempo e distante de minha
infância que eu fui capaz de refletir sobre minhas experiências e reconhecer as
consequências a longo prazo que a paternidade do mesmo sexo teve sobre mim.
(...) Eu não estou dizendo que vocês não podem ser bons pais. Vocês podem. Eu
tive uns dos melhores. Também não estou dizendo que estar sendo criado por pais
heterossexuais significa que tudo vai acabar bem. Sabemos que existem muitas
maneiras diferentes de a unidade familiar se quebrar e levar as crianças a
sofrerem: o divórcio, o abandono, a infidelidade, o abuso, a morte, etc. Mas,
em geral, a melhor e mais bem-sucedida estrutura familiar é aquela em que as
crianças estão se desenvolvendo com sua mãe e seu pai. (...) Muitos de nós
estão com muito medo de falar e dizer-lhe sobre a nossa dor e sofrimento,
porque, por alguma razão, parece que vocês não estão ouvindo. Que vocês não
querem ouvir. Se dissermos que estamos sofrendo porque fomos criados por pais
do mesmo sexo, somos ignorados ou rotulados como inimigos. (...) Eu sei que
essa é uma conversa difícil. Mas precisamos falar sobre isso. Se alguém pode
falar sobre coisas difíceis, somos nós. Vocês me ensinaram isso”.
Qual experiência deve ser levada
em consideração? A de Heather Barwick, que diz sofrer as sequelas da criação
por pais do mesmo sexo? Ou dos senhores Toni e David Harrad, que descrevem uma
experiência de adoção "aparentemente” cheia de êxito? Certamente a
primeira. Quando Heather, de 31 anos, criada por pais do mesmo sexo, redige uma
carta, denunciando o enorme prejuízo que sua criação lhe causou, supera, a meu
ver, as afirmações de um aparente sucesso do casal Harrad com relação aos
primeiros quatro anos de criação de Alyson,
Jéssica e Filipe. Tal ideia não
abriga em si um preconceito, de modo algum. Simplesmente, segue a linha do
pensamento lógico e da natureza. Inequivocamente, por existir uma diferença de
gêneros, um casal gay, ainda que dedique todo o amor a uma criança, nunca
poderá oferecer o suporte necessário para ela ser completa em seus
referenciais, pois esse arranjo (casamento homoafetivo) não atende ao requisito
básico da constituição familiar, que é a existência de um projeto plural, através
da família clássica — formada por um homem e uma mulher. As palavras de
Heather, na publicação citada, são contundentes:
"Ela [a parentalidade
homoafetiva] nos nega algo que precisamos a longo prazo, ao mesmo tempo em que
diz não precisarmos do que naturalmente ansiamos. Que vamos ficar bem. Mas nós
não vamos. Nós estamos sofrendo”.
No artigo A importância da figura paterna para o desenvolvimento infantil, a
psicóloga Edyleine Bellini Peroni Benczik, Doutora em Psicologia Escolar e do
Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo (IPUSP), depois de falar sobre a importância do pai biológico na vida da
criança, com esteio em pesquisas empíricas de vários estudiosos, arremata:
“Nos dias de hoje, um dos maiores
problemas na educação dos filhos é a ausência do pai ou de uma figura que o
substitua. Vale ressaltar aqui que a figura paterna pode ser representada por
um tio, um avô ou outro adulto do sexo masculino que participe da vida da
criança e que tenha um vínculo satisfatório com ela. A educação, para ser
equilibrada, necessita dos dois progenitores. A presença paterna na família é
diferente e complementar à materna. A
falta de um modelo na educação, masculino ou feminino, implica quase sempre um
desequilíbrio naquele que é educado (no filho) (Grifo acrescido)".
Ora, sendo reconhecido um risco
tão alto e iminente quanto à ocorrência de danos irreparáveis ou de difícil
reparação para a criança, como aconteceu no caso de Heather Barwick, não se
deve proceder à adoção por casais homoafetivos.
É preciso, porém, ter coragem para
ir além dos academicismos e do racionalismo das escolas de pensamento liberal,
apegando-se ao que a Palavra de Deus diz para o homem. As diferenças de gênero
devem ser admitidas teoricamente por todos, uma vez que, no dia a dia, isso é
muito claro. Não adianta querer “tapar o sol com uma peneira”, como se diz
popularmente.
Há uma velha máxima jurídica a
qual afirma que ser justo é tratar igualmente os iguais e os desiguais na
medida da sua desigualdade. No Brasil, como também nos EUA, essa diretriz
teórica, embora parcialmente, é observada. Por exemplo: nesses países, há
restrições quanto aos homossexuais masculinos serem admitidos como doadores de
sangue, porque os governos entendem que, pelo menos por enquanto, não é seguro
receber doações desse grupo, por causa do alto grau de transmissão da Aids
nesse segmento social. Igualmente, podem ser citadas no Brasil as distinções de
tratamento entre os gêneros nas questões alusivas à obrigatoriedade do serviço militar,
no prazo para concessão de aposentadoria por tempo de serviço e no período de
gozo de licença à maternidade e paternidade, dentre muitas outras, demonstrando
tratamento não isonômico entre homens e mulheres, fazendo emergir, por
conseguinte, a presunção que o próprio Estado brasileiro não acredita na
ideologia de gênero, reconhecendo diferenças inatas entre homens e mulheres.
O professor Trond Diseth, diretor
médico do departamento de psiquiatria infantil do Hospital Nacional da Noruega,
desenvolveu um teste para averiguar diferenças de gênero em bebês de pouca
idade. No referido documentário, ele diz:
“Nós definimos dez brinquedos
diferentes: quatro brinquedos femininos, quatro masculinos e os chamados
brinquedos neutros. Esses dez brinquedos são colocados em um padrão. Então, nós
filmamos. Observamos as crianças interagindo com os brinquedos. Percebem-se
claras diferenças entre meninos e meninas saudáveis desde a idade de nove
meses. Os meninos escolhem brinquedos masculinos, e as meninas escolhem brinquedos
femininos. As crianças nascem com uma disposição biológica clara quanto a seu
gênero, identidade e comportamento. Então, o ambiente, expectativas e valores
que nos cercam irão reforçar ou minorar isso”.
A Bíblia é muito clara em
distinguir os papéis do macho e da fêmea na sociedade sem, entretanto, colocar
um gênero como sendo mais importante que outro — a sociedade distante de Deus é
quem faz isso. Mas, orientados pela Bíblia, todos são iguais diante de Deus!
É preciso ser forte na postura e
resoluto no caráter. O futuro poderá exigir uma conta muito alta daqueles que
optarem pela tendência da moda, a onda do momento, esquecendo-se das coisas
mais caras e preciosas para a civilização humana, que são os valores das
famílias monogâmicas e heterossexuais, os quais proporcionam o equilíbrio e a
grandeza da convivência em sociedade.
Essa contracultura, que é abraçada
pela cosmovisão judaico-cristã, deve ser plenamente difundida e defendida.
Porém, tudo isso, com todo o respeito e amor, sem palavras ríspidas,
deselegantes, pois estão em discussão direitos muito caros para todos, que
comovem o íntimo das pessoas.
Com isso, em suma, está se
defendendo que casais homossexuais não podem ser considerados família e, por
isso, não podem adotar crianças. Não se trata de menosprezar os homossexuais,
muito menos de odiá-los — pois isso seria um pecado. Deus ama a todos
igualmente e, como se sabe, não há nada que possamos fazer para que Deus nos
ame mais, assim como não existe nenhuma falha em nossa conduta que possa levar
Deus a nos amar menos. Deus ama os homossexuais, como também ama todos os
pecadores.
Alguns podem argumentar que é
melhor um casal homoafetivo adotar uma criança do que deixá-la num orfanato.
Essa tese tem raízes numa filosofia chamada utilitarismo, através da qual se
defende que a melhor decisão é a que traz menos prejuízo, ou seja, a mais útil,
sem levar em consideração quaisquer aspectos éticos, morais ou espirituais; o
que assevera, em outras palavras, que os fins justificam os meios. A cosmovisão
judaico-cristã, porém, não concorda com esse pensamento. O que é errado não
deve ser admitido. Está escrito: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal!
Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e fazem do amargo doce, e do
doce, amargo!” (Is 5.20).
I. DIREITO E FAMÍLIA
1. Conceito
Família traduz-se como um grupo
social indispensável para o estabelecimento de uma civilização forte e
duradoura (desde Aristóteles aprecia-se isso). A célula-mãe de todas as
instituições sociais. A definição de família, à luz do direito, pode,
entretanto, assumir várias conotações, dependendo da cultura e da época da
sociedade que se analisa.
Contudo, independentemente da
cultura ou mesmo dos aspectos históricos, há certa convergência em estabelecer
que a família constitui-se, no grupo social composto, por pessoas ligadas pela
consanguinidade, afinidade e/ou pela existência de vínculos matrimoniais.
Entre os hebreus, é certo garantir
que a expressão família abrangia
muito além de cônjuges e descendentes, pois incluía também os parentes por
afinidade e os escravos (Gn -47.12), não obstante somente os filhos pudessem
herdar. A exceção era para o caso de não haver filhos, quando a herança iria
para o escravo mais antigo, nascido na casa (Gn 15.2-4).
Em Roma, por outro lado, havia
três tipos distintos de agrupamentos familiares: a família nuclear (marido e
mulher), a tríade (pai-mãe-filho) e a família ampliada (pais, filhos e
agregados, de várias gerações, sob o comando do pater familias).
O surgimento do cristianismo, porém,
transformou a ideia dos romanos sobre suas práticas matrimoniais, rompendo, em
parte, com a tradição gentílica. Com a absorção paulatina da cosmovisão
judaico--cristã, foi admitida a indissolubilidade do casamento e a monogamia,
pelo menos no papel.
No Brasil, o Código Penal traz em
seu artigo 235 a tipificação do crime de bigamia (contrair alguém, sendo
casado, novo casamento: pena: de dois a seis anos de reclusão) e, até 1977, o
divórcio não era admitido em nosso ordenamento jurídico — resquícios da
legislação romana e da forte influência em nosso Código Civil das instituições
do direito canônico.
2. Relevância jurídica e social
Exercendo a magistratura desde
1996, e especificamente designado para atuar em Vara de Família nos últimos
cinco ou seis anos, tenho observado como são sensíveis as causas que envolvem
direito de família. Examinar o tema família
é tratar sobre vida. Nesses processos, não existem apenas dados objetivos:
nomes, descrições minuciosas das vidas e rotinas dos litigantes, seus esforços
e suas perdas, mas também seus sonhos e frustrações mais íntimas (razão pela
qual, em regra, esses processos correm “em segredo de justiça”).
Cada ser humano possui uma vida
complexa, independentemente do patrimônio amealhado e da quantidade dos membros
da sua família. A vida de uma pessoa, ainda que seja a mais aparentemente
insignificante, pode ser objeto de um extenso e enriquecedor livro ou filme.
Toda história humana é rica, importante e cara, pois é o resultado de anos de
esforço extenuante, acompanhados de sentimentos que são próprios,
exclusivamente, dos seres humanos: amor, ódio, inveja, desilusão, etc. Não
importa a nobreza ou não de cada uma das motivações, e sim o fato de que é a
existência de um ser eterno, feito à semelhança de Deus, que está sendo
discutida e tratada. Diante disso tudo, na maioria das vezes, os instantes mais
decisivos de um processo judicial acontecem na sala de audiência, em um
ambiente bastante emotivo. Lágrimas, desabafos, indignação, angústia são
episódios frequentemente observados.
O cuidado com as questões
familiares, deste modo, se apresenta como algo tão importante para a sociedade,
que existe uma área do direito que se dedica exclusivamente a esse estudo — o
Direito de Família. Nas grandes cidades do Brasil, por exemplo, como mencionado
alhures, o Poder Judiciário destina juízes para julgarem apenas causas que
envolvam essas questões (divórcio, pensão alimentícia, guarda de filhos,
direito de visitas dos filhos, dentre outras), pois se reconhece a relevância
da matéria para o bem-estar das pessoas e para o progresso e harmonia social. É
a vida de todos nós que está em pauta. O assunto, portanto, é vital não apenas
na seara espiritual, mas também em todos os aspectos da existência. Um tema
precioso, sensível, urgente... sempre. Por conta disso, a Constituição da
República Federativa do Brasil consagra, no Art. 226, caput, que “a família, a base da sociedade, tem especial proteção
do Estado”.
II. A FAMÍLIA DURANTE OS SÉCULOS
1. O padrão divino
No livro de Gênesis, Deus
estabeleceu o padrão para a família. Está escrito: “Portanto, deixará o varão o
seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn
2.24). E Jesus complementou: “Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o
homem (Mc 10.9). A Família começa, portanto, com um homem e uma mulher, quando
eles deixam a casa de seus pais e se unem para Formar um novo núcleo Familiar.
Simples assim.
O preclaro escritor Elinaldo
Renovato de Lima aduz que “o espírito do Anticristo tem dominado a mente do homem
pós-moderno, a tal ponto de promover verdadeira subversão dos valores morais
(...)”. E isso é a mais cristalina verdade. Vivemos numa época em que quebrar
paradigmas aparece como algo salutar. Entretanto, embora algumas coisas devam,
sem dúvida, ser mudadas na sociedade, qualquer variação que Fuja do padrão
tradicional para a família é oriunda de um sentimento alheio a Deus e à sua
palavra.
A poligamia, por exemplo, Foi
tolerada por Deus em determinados períodos. No entanto, as Funestas
consequências sof ridas por quem andou por esse caminho são vistas claramente
na Bíblia (Gn 30.1,2; 1 Rs 11.3). Deus, igualmente, tolerou por algum tempo a
geração pré-diluviana e as populações das cidades de Sodoma e Gomorra,
esperando que elas se convertessem de sua impiedade. Porém, como permaneceram
em práticas imorais, o Senhor trouxe o castigo sobre elas, para servir de
exemplo (2 Pe 2.4-6).
No momento da semeadura, é
possível escolher a semente. Todavia, quando chegar a hora da colheita — se
houver sido semeado na carne (G1 6.8) — haverá horror para aqueles que caírem
nas mãos do Deus vivo (Hb 10.31). Deus não tem o culpado por inocente.
O Fato é que o padrão santo de
Deus para o casamento é que ele seja monogâmico (cada parceiro deve ter apenas
um cônjuge), heterossexual (realizado entre homem e mulher), monossomático (os
cônjuges devem se tornar em uma só carne) e indissolúvel (deve durar para
sempre). Tudo que passar disso é de procedência maligna!
2. O homem como chefe da família
Na Bíblia, a cultura familiar era
eminentemente patriarcal, ou seja, o pai era o chefe da família. Isso estava na
raiz da prática social (Gn 3.16). Não se encontra, por outro lado, nenhuma
referência bíblica de sociedade que fosse matriarcal. O pai, assim, no Antigo
Testamento, tinha direitos de vida e morte sobre os membros da sua família (Dt
21.1 1-21). Por outro lado, o mais antigo ascendente paterno no clã familiar
(avô, bisavô, etc.) detinha autoridade sobre toda a descendência (Gn 9.25,27;
27.27-40; 48.15,20; 49) e, caso houvesse desobediência, a morte poderia ser o
castigo (Dt 21.18-21). Cabia, ainda, ao pai a instrução religiosa e secular dos
membros da família (Êx 12.12,26-27; Dt 6.20-25). No Novo Testamento, este
princípio se manteve. O pai continuou sendo o cabeça da família, e a esposa e
os filhos deveriam ser submissos a ele.
3. Afetividade é suficiente?
Há, ainda, um novo padrão de
família se estabelecendo: a união estável entre homem e mulher. O art. 1.723 do
Código Civil Brasileiro diz que “é reconhecida como entidade familiar a união
estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua
e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. Para
simplificar, é quando os namorados passam a viver juntos, entretanto não se
casam. Uma profunda mudança de comportamento ocorreu nessa área, conforme se
visualiza na comparação feita entre os Censos Demográficos do IBGE dos anos de
2000 e 2010, quando se observou um aumento expressivo das uniões estáveis, as
quais passaram de 28,6% para 36,4% do total das uniões, existindo, em
contrapartida, uma consequente redução dos casamentos oficiais, com destaque
para a modalidade civil e religiosa, que caiu de 49,4% em 2000 para 42,9% em
2010. Ou seja, as pessoas estão casando menos e convivendo juntas com maior
intensidade, alterando um padrão histórico. Nisso, há uma importante questão de
natureza espiritual. Pergunta-se: O casal em união estável tem a bênção de
Deus? A afetividade é suficiente para a formação de um núcleo familiar? Homem e
mulher podem se unir para construir uma nova família, independentemente do
casamento? Dizem os críticos do casamento: "O casamento é só um pedaço de
papel. Para quê casar?” A resposta: É verdade! O casamento é um pedaço de
papel, assim como a escritura de um imóvel, o documento de um carro e o
dinheiro também se resumem num papel, porém não se vê ninguém desprezando tais
documentos. O casamento é um pedaço de papel que chancela o momento da aliança
entre Deus e a nova família que desabrocha, devendo, por isso, ser amado e
respeitado. Trata-se de um documento que estabelece um novo status social aos nubentes, que cria
direitos e deveres, que faz com que, aos olhos de Deus, não sejam vistas mais
duas pessoas, mas apenas uma. A Bíblia diz: “Venerado seja entre todos o
matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos
adúlteros Deus os julgará” (Hb 13.4).
III. A MONOGAMIA COMO MODELO
BÍBLICO
1. No Antigo Testamento
Os homens que andaram com Deus
tiveram, em regra, relacionamentos monogâmicos. Aliás, a poligamia não era
comum nos tempos bíblicos. As exceções resumem-se, quase que exclusivamente, a
Jacó (por contingências culturais contrárias à sua vontade), Davi e Salomão
(por causa de alianças políticas). Adão, Sete, Enoque, Noé, Isaque, os filhos
de Jacó, Moisés, Arão, Josué, Samuel, Jó, Ezequiel, Oséias, dentre muitos
outros, tiveram casamentos monogâmicos. No caso de Abraão, a opção de coabitar
com Agar foi de sua mulher, atendendo a um costume antigo. Porém, quando Sara
pediu a ele que despedisse a escrava egípcia e Ismael, Abraão os mandou embora
sem nenhuma herança. Assim, a rigor, tecnicamente, Abraão não foi bígamo. Por
fim, quando ele casou-se com Quetura, sua segunda esposa, Sara já havia
falecido.
2. No Novo Testamento
No tempo de Cristo, a família
judaica era, de igual forma, predominantemente monogâmica. Em Mt 19.3, Jesus
foi questionado pelos fariseus sobre a dissolução de um casamento monogâmico;
em Mt 22.23-28, por outro lado, os saduceus questionaram o Messias sobre um
problema teológico em relação à lei do levirato (Gn 38.7-11), também sob o
enfoque da monogamia, circunstância que se repetiu no diálogo travado entre o
Senhor e uma samaritana, em que Ele informou à mulher sobre o erro de ter, ao
longo da vida, vários parceiros sexuais (Jo 4.17,18); a questão de fundo
tratada, portanto, dizia respeito à importância, diante de Deus, do casamento
entre um homem e uma mulher.
3. Atualidade nacional
No Brasil, o Código Civil de 1916
apresentava o marido como o chefe da família, sendo a esposa e os filhos
hierarquicamente inferiores, devendo obediência ao primeiro; já os filhos
ilegítimos (adulterinos e incestuosos) não eram considerados herdeiros. O casamento
era indissolúvel. O divórcio veio a ser permitido apenas em 1977. Com a
Constituição Federal de 1988, a família, legalmente, perdeu o modelo
patriarcal, ao deixar isonômicos os direitos do marido e da mulher na sociedade
conjugal, colocando fim a uma longa história de discriminações com relação à
filiação, tanto de natureza pessoal como hereditária. Diante de recentes
decisões do Supremo Tribunal Federal, está sendo admitido o casamento entre
pessoas do mesmo sexo e, inclusive, a adoção de crianças por casais
homoafetivos. Isso é lamentável. O pastor norte-americano John MacArthur, logo
após a Suprema Corte daquele país autorizar o matrimônio entre pessoas do mesmo
sexo, publicou uma carta aberta, afirmando que a aprovação do casamento gay não
alteraria o conceito de Deus sobre o que é uma família, constituída
inexoravelmente a partir do casamento monogâmico heterossexual. Suas palavras
consubstanciam uma irretorquível verdade, que incomoda uma geração que enxerga
os fatos pelas lentes da cosmovisão naturalista, não aceitando, por
conseguinte, o conselho de Deus expresso na Bíblia sobre como deve ser o viver
em sociedade.
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