Há alguns anos foram feitos estudos
por investigadores interessados na relação criatividade & ensino apontam
para mudanças que se fazem necessárias no contexto educacional. Neste final de
milênio, caracterizado pela mudança e pela transição, a escola não deve,
apenas, transmitir conteúdos com os olhos voltados para o passado. Não pode se
restringir a metodologias que enfatizem a memorização e aquisição de
conhecimentos negligenciando o aspecto formador, experimentador e criador do
saber. Precisa direcionar seu olhar para o futuro, exercitando a imaginação e a
fantasia de seus alunos na tentativa de solucionar problemas ou situações que
novos tempos sempre trazem.
Chegou-se a conclusão de que o processo do desenvolvimento da aprendizagem
torna-se mais eficaz quando o aluno recebe alguns desafios no qual é obrigado a
refletir antes de dar uma resposta. Nesse contexto durante as aulas de Educação
Física o estímulo ao ato criativo pode favorecer um melhor aprendizado aos
alunos. Eles devem ser capazes de definir problemas com precisão e separar as
informações disponíveis de que precisam para propor soluções factíveis. Existem
várias formas para se trabalhar com a criatividade dos alunos durante as aulas
de Educação Física, sendo ela a peça central da aula. Os objetivos da aula são
alcançados conforme o nível de aprendizado da turma, no entanto cada turma tem
suas particularidades e cada aluno tem suas necessidades e aspirações
diferentes do grupo, deve-se, no entanto, respeitar o princípio da
individualidade. Cabe ao professor a iniciativa de romper com o tradicionalismo
operante nas aulas de Educação Física, no sentido de inovar ou renovar o
conteúdo a ser ensinado para os alunos. Os mesmos desenvolverão comportamentos
singulares que contribuirão para a produção criativa e encorajamento do
processo criativo em sua totalidade. No processo de aprendizagem o aluno deve
ser atuante como propõe o processo no ato criativo, no qual será lançado a ele
desafios que necessitará buscar soluções para o problema lançado e é nesse
momento que o processo de aprendizado acontece mais eficazmente. Esse ato
criativo é elemento essencial em todas as disciplinas. Ele contribuirá
substancialmente, na formação geral dos alunos, auxiliando, portanto, no
entendimento da importância da cidadania. Esta por sua vez, possibilitará,
posteriormente, os educandos sejam cidadãos mais íntegros, colaborando na
formação de uma sociedade mais justa.
Rever os princípios da Escola
Dominical com ênfase no formal, na disciplina, nos produtos e, progressivamente
romper com o tradicionalismo é tarefa tanto de professores quanto de alunos, e
o desenvolvimento do ato criativo nas aulas de Escola Dominical é uma
possibilidade de se agir com criticidade, responsabilidade e autonomia.
A principal responsabilidade do
professor é educar-se com seus alunos e aprender com eles a conhecer e
transformar a sua realidade.
A Educação atual ainda está muito
alicerçada às influências que recebeu das escolas européias e americanas, com
seus métodos diretivos que se caracterizam pelo autoritarismo por parte do
professor, que toma todas as decisões em relação ao processo
ensino-aprendizagem. O aluno é esquecido ao se planejar uma aula, suas
necessidades e aspirações são deixadas em outro plano, não importando que este
pensa ou gostaria de fazer. O processo de ensino-aprendizagem utilizando-se da
criatividade como ponto central poderia dar mais condições aos alunos para
participarem mais eficazmente durante as aulas de EBD, pois se sentirão mais
motivados a interagirem nas mesmas.
CRIATIVIDADE
Do ponto de vista da pessoa
humana, o ato criativo integra, em um esforço único de busca do inédito, todas
as capacidades da conduta humana, afetiva, cognitiva e corporal. São nos atos
de criação que se vislumbra o que há de verdadeiramente humano no homem
(TAFFAREL, 1985).
Para Taffarel (1985), o ser humano
é um ser indivisível, e toda a fragmentação o aliena. Portanto, é no ato de
criação que entram em jogo capacidades e habilidades cognitivas, modalidades de
percepção, formas de organização de conhecimento e de reorganização de
elementos. Entrelaçadas e inseparáveis, das habilidades estão as motivações e
valorações, tudo isto transparecendo, em uma forma global, através da expressão
corporal.
Do ponto de vista sócio-político,
a extensão do ato da criatividade se traduz ou através de uma produção
potencialmente útil à sociedade, ou através das atitudes de um ser social que,
ao sentir-se capaz de criar, sente-se capaz de transformar, de mudar, de
melhorar.
Pessoa, Processo, Meio Ambiente e Produto da Criatividade
Segundo Taffarel (1985) o que
influencia o ato criativo das pessoas são as atitudes, as motivações, as
capacidades e habilidades mentais e características pessoais.
Dando ênfase na pessoa criativa,
Rogers (1978) define criatividade como:
“... auto-realização, motivada
pela premência do indivíduo em realizar-se sendo o ato criador um comportamento
natural de um organismo que tem tendências a se expandir”.
Torrance (1974) define
criatividade com ênfase nos processos como:
“... criatividade é um processo
natural de todas as pessoas, através do qual elas se conscientizam de um
problema, de uma lacuna nas informações, para a qual ainda não aprendeu a
solução; procura então as soluções em suas experiências ou nas dos outros;
formula a hipótese de todas as soluções possíveis, avalia e testa estas
soluções e comunica resultados”.
Guilford (apud CUNHA, 1977) define
criatividade como:
“... o conjunto de habilidades
relacionadas à fluência, flexibilidade, sensibilidade a problemas, pensamento
divergente, capacidade de redefinição de análise e síntese das informações.”
Quanto ao meio ambiente, o modelo
estrutural de Sikora (1976), propõe a análise de dois aspectos: o ambiente físico,
ou seja, as coisas concretas que nos cercam e suas possibilidades de
manipulação, como fator influenciador no ato criativo, bem como o ambiente
social, os grupos, as organizações, a sociedade e os fatores culturais.
Em relação aos produtos do ato
criativo, são propostos os da criatividade expressiva, produtiva, engenhosa,
inovadora e emergente.
Na tentativa de definir
criatividade, considerando os aspectos básicos Drevdhal ampliada por Dieckert
(1983 apud TAFFAREL, 1985) relata o seguinte:
“... a criatividade é a habilidade
de todo ser humano de produzir qualquer tipo de resultado mental, ou corporal,
novo e desconhecido para quem o produziu, desenvolvida de forma intencional e
objetiva, podendo formar novos sistemas e combinações de informações conhecidas,
bem como o domínio de referência conhecidas para uma situação nova e a formação
de novos correlatos, podendo ser o produto uma forma artística, literária ou
científica ou uma execução de forma técnica ou metodologia, não sendo,
necessariamente, aplicado de imediato, ou perfeito e totalmente executado.”
Elementos Inibidores e Facilitadores da Criatividade
São considerados por Sikora (1976)
elementos inibidores da criatividade, em relação à cognição, os bloqueios
perceptivos, as estruturas rígidas de pensamento, os crivos severos de
percepção do meio, a má interação entre o indivíduo e o meio, a falta de
informações e experiências, a fixação na solução de problemas, o pensamento
rígido de causa e efeito, os preconceitos e as teorias dominantes. São
considerados bloqueios afetivos, o medo de cometer erros, a grande necessidade
de segurança, a falta de confiança na capacidade criativa, o interesse em
resolver problemas com muita rapidez.
Em relação às influências do meio
físico e social, considerados como inibidores da criatividade, estão estruturas
rígidas imutáveis, fixas, pouco diversificadas, padronizadas, das coisas que
nos rodeiam. Os ambientes físicos limitados em espaço e elementos,
principalmente os naturais, com poucas possibilidades de manipulação, são
fatores determinantes na inibição da criatividade.
Quanto ao meio ambiente
sócio-cultural, todas as situações de autoritarismo, alta diretividade, excesso
de formalismo, críticas severas, julgamentos estereotipados, indisciplina,
diminuição dos canais de comunicação são os fatores inibidores da criatividade.
O espaço físico e seus elementos
naturais ou artificiais, agradáveis e manipuláveis, com possibilidade de ser
alterados, são fatores facilitadores.
O processo de criatividade dever
ser intencional e objetivamente desenvolvido.
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