Há milhares de anos que a
sociedade aprende com Aristóteles (384 - 322 a.C.), o filósofo grego que foi
discípulo do renomado Platão e mestre de Alexandre, o Grande. Pai da lógica
formal, ele deu à ciência e à filosofia a base segura que precisavam para
crescer: a certeza de que o conhecimento deve ter como tema a própria
realidade.
O sábio filósofo, ao tratar sobre
a gênese do Estado, abordou o tema família, trazendo ideias que ainda perduram
e influenciam a sociedade contemporânea. Em sua célebre obra "A Política”,
ele conceitua Família como sendo a reunião de um homem e uma mulher, para
formarem um lar, constituindo, assim, a mais importante sociedade natural. Essa
indispensabilidade primordial da família, formada por homem e mulher, era,
portanto, na visão aristotélica, o pressuposto lógico necessário à sociedade.
Assim, sem família, nos moldes por ele pensado, não haveria sociedade. Ele
arremata:
“A sociedade que se formou da
reunião de várias aldeias [que são formadas pela união de famílias] constitui a
cidade, que tem a faculdade de se bastar em si mesma, sendo organizada não
apenas para conservar a existência, mas também para buscar o bem-estar. Esta
sociedade, portanto, também está nos desígnios da natureza, como todas as
outras que são seus elementos”.
Dessa forma, como as famílias
formaram as aldeias, e estas, por sua vez, deram origem às cidades, no
entendimento de Aristóteles, a sociedade estabelecida nas cidades deve se
voltar para o núcleo primordial (a família), a fim de propiciar-lhe bem-estar.
Ele vai além ao afirmar que, se os indivíduos estiverem separados e
desarticulados, serão inúteis, “semelhante às mãos e aos pés que, uma vez
separados do corpo, só conservam o nome e a aparência, sem a realidade, como
uma mão de pedra”.
Aristóteles concebia acertadamente
que a família natural desempenhava um papel basilar na sociedade. Era um dos
seus pilares. As premissas são simples e nitidamente coerentes: (1a)
para o ser humano, é natural viver em sociedade; (2a) os homens e as
mulheres naturalmente se reúnem e formam-se em famílias; (3a) a
reunião das famílias dá origem à cidade6; e (4a) a união das cidades
constitui o Estado.
Esse posicionamento aristotélico
atravessou os milênios e se alojou na Declaração Universal dos Direitos do
Homem, que assevera: “a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e
tem direito à proteção do Estado”, bem como na Constituição Federal do Brasil,
quando também estabelece a família como a base da sociedade, garantindo-lhe
especial proteção do Estado.
A família natural, clássica,
formada inicialmente pela união de homem e mulher, tanto na Bíblia, como na
sociologia e filosofia, aparece há milênios como o antecedente biológico,
psicológico, social e cultural, indispensável para que a sociedade viesse a
existir.
A instituição da família foi uma
brilhante ideia de Deus e encontra respaldo empírico nas ciências humanas e
sociais, desde épocas mui remotas. O filósofo Aristóteles, como mencionado, não
disse nada que Deus não tivesse outrora ensinado. Ele apenas reproduziu o que
as coisas são, o que elas significam, a partir de uma análise da realidade.
Assim, antes de instituir a
família, o Senhor deixou Adão isolado, sozinho, durante algum tempo, para que o
homem pudesse resolver algumas coisas importantes. Depois, porém, Deus trouxe
um lindo presente para o homem: Eva. Adão deveria construir sua vida em
parceria com uma mulher, de forma a complementá-lo, e vice-versa, com o
objetivo de estabelecerem um lar feliz.
É claro, porém, que é possível ser
feliz mesmo solteiro. O apóstolo Paulo, por exemplo, recomendou que, se
possível, o homem ficasse sem se casar (1 Co 7.1,2). É óbvio que Paulo estava
fazendo uma abordagem de natureza espiritual, analisando sob o prisma do
serviço ao Senhor, pois, realmente, a existência de um cônjuge enseja
responsabilidades divididas entre o agradar a Deus e atender às necessidades
conjugais. Em seguida, entretanto, o apóstolo dos gentios arremata que, diante
das circunstâncias de se viver neste mundo corrompido pelo pecado, cada pessoa
deve se casar.
E certo que existem exceções a
esta regra. Por exemplo, os profetas Jeremias e Daniel, além do próprio Senhor
Jesus, nunca tiveram esposa, porque, como explicou o Salvador, "... há
eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados
pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos
céus. Quem pode receber isso, que o receba" (Mt 19.12).
O fato é que, como visto, a
felicidade não passa, inexoravelmente, pela experiência de um casamento, pois a
própria Bíblia relata que existiram muitos homens que viveram felizes, mas que
não se casaram; entretanto, o princípio de que “não é bom o homem estar só” não
deve ser questionado em razão de pontuais exceções.
A família, nos moldes estatuídos
por Deus, é largamente reconhecida nos círculos intelectuais das ciências,
sendo fonte exponencial de alegria e, por via de regra, o único lugar onde o
ser humano pode ser completamente afortunado.
I. Um Projeto Chamado Família
1. O problema de estar só
Deus viu que o isolamento contínuo
do homem não era bom (Gn 2.18), porém utilizou isso, certamente, para moldar
Adão e ensinar muitas coisas a ele, antes mesmo da chegada de Eva. Isso
demonstra a importância de o ser humano, antes de tudo, passar um tempo a sós
com Deus e, apenas depois, pensar em ter intimidade com outro semelhante.
Adão estava só. Mesmo assim, ele
não se sentia abandonado ou em solidão, que, conforme a psicologia conceitua, é
um dos grandes problemas da mente e que atinge milhões de pessoas em todo o
mundo, causando muito sofrimento interior, pois se trata de uma doença da alma.
Isso aconteceu com o profeta Elias, o qual sofreu de “solidão cósmica”. Ele se
via sozinho no mundo, porém Deus o corrigiu, dizendo que havia mais de sete mil
pessoas que estavam do lado dele (1 Rs 19.10,14,18). A solidão é um perigoso
estado da mente que pode durar muito tempo. É uma porta para a depressão.
Gary R. Collins alude:
“Baseado num importante estudo
sobre solidão, o sociólogo Robert Weiss calcula que um quarto da população
americana se sente extremamente sozinho em algum momento, durante determinado
mês.10 11 Essa sensação afeta pessoas de todas as idades, inclusive crianças,
mas os estudiosos concordam que a solidão cresce bastante durante a
adolescência e atinge seu ponto mais alto entre os dezoito e os vinte e cinco
anos. Embora a solidão apareça em todas as culturas, ela é mais frequente em
sociedades como a nossa, que estimulam o individualismo. Pessoas solitárias existem
em todos os grupos profissionais, mas há evidências de que o número de
solitários é particularmente elevado entre as pessoas altamente ambiciosas e
“carreiristas”. (...) O mesmo acontece com (...) os trabalhadores compulsivos
que se deixam envolver por atividades que interferem na vida particular”.
A solidão, portanto, vem com muita
intensidade, segundo a pesquisa mencionada por Gary Collins, quando a pessoa
está entre 18 e 25 anos. Que coisa interessante, não? Será que é porque,
"coincidentemente”, é nesse período da vida em que as pessoas,
habitualmente, devem se casar? O fato é que solidão traz sofrimento. Afinal de
contas, como dizia o poeta e pastor inglês John Donne (1572-1631): "Nenhum
homem é uma ilha”.
O isolamento, porém, é uma coisa
boa. Há momentos em que o homem necessita assentar-se solitário (Lm 3.27, 28).
Ficar sozinho durante alguns
instantes, por determinados períodos, para refletir sobre a vida, para orar,
não significa viver em solidão.
2. A solução para quem está só
Adão tinha autoridade máxima no
Éden (Gn 1.28), vivia confortavelmente, desfrutava de plena saúde... porém, ele
ainda precisava de uma adjutora idônea. Adão estava só, e ninguém faz nada
significativo estando só. Para resolver esse drama, o Senhor — enquanto Adão
dormia — criou Eva e, logo após, trouxe-a para ele (Pv 18.22; 19.14). Isso nos
revela uma verdade: é Deus quem dá o cônjuge. Esse foi o primeiro casamento. O
Senhor sabia da necessidade de complementação e companheirismo que Adão tinha,
e então criou uma estratégia perfeita: da própria substância de Adão, não do pó
da terra, extraiu um novo ser. Havia, portanto, identidade entre eles. E, como
se sabe, é preciso existir identidade (e não igualdade) para haver
complementaridade.
Gary Collins diz que "a base
de qualquer solução para o problema da solidão é um relacionamento cada vez
mais profundo com Deus e com os outros seres humanos”.12 Aí está a grande
dificuldade: a maioria das pessoas não entende o que é ter intimidade com o
Senhor. Adão era íntimo de Deus e, por isso, o próximo passo não iria demorar:
o aparecimento de um relacionamento íntimo com um semelhante. Quando um
indivíduo busca intimidade com Deus, ele será inclinado a estabelecer um
compromisso de fidelidade com outra pessoa. Esse será o começo do fim da solidão!
3. Vida a dois
Após uma "longa” espera
sozinho no Eden, Adão foi presenteado com uma linda esposa. Eva complementava
Adão física, emocional, intelectual e espiritualmente. Ele estava apaixonado
(numa linguagem coloquial) para viver uma linda história de amor. C.S. Lewis
descreve o sentimento que invadiu o coração de Adão em relação a Eva:
”Apaixonar-se é um fato de tal
natureza que temos razão de rejeitar como intolerável a ideia que deva ser
transitório. Ele transpõe com um único salto o espesso muro de nossa
individualidade; torna até mesmo o apetite altruísta; põe de lado, como
trivialidade, nossa felicidade pessoal; e planta interesses de outra pessoa no
centro de nosso ser. Espontaneamente e sem esforço, nós cumprimos (para uma
pessoa) a lei que manda amar o próximo como a nós mesmos”.
A vida isolada de Adão chegara ao
fim, pois, utilizando as palavras do preclaro Lewis, os interesses de Eva foram
plantados no coração de Adão. Valeu muito a pena o homem esperar em Deus.
II. Em que Consiste a Família?
1. A família é o ponto de convergência entre Deus e os homens
Deus não vê a família como um mero
ajuntamento de pessoas, e sim como um canal de bênçãos para a sociedade. Adão e
Eva, por exemplo, foram escolhidos por Deus, mas caíram desgraçadamente. Mesmo
assim, o Senhor não desistiu deles. Entretanto, infelizmente, os mais antigos
ancestrais dos homens não perseveraram em servir ao Senhor; tanto é assim que,
após a morte de Abel, eles passaram mais de cem anos sem buscar a Deus. Somente
com o nascimento de Enos, filho de Sete, o nome do Senhor começou a ser
invocado (Gn 4.26).
Adão e Eva se descuidaram de suas
obrigações espirituais e de sua vida devocional. As coisas, que já não estavam fáceis,
ficaram ainda mais complicadas. O mal se espalhou fortemente na cultura daquela
sociedade primitiva. Aliás, esse comportamento inapropriado desencadeou uma
maldição familiar que atingiu os descendentes de Caim. O seu descendente
Lameque tornou-se homicida e bígamo (Gn 4.23) e a geração de Caim fez a Terra
se tornar extremamente violenta, a tal ponto de Deus se arrepender de ter
criado o homem.
E necessário ressaltar,
entretanto, que não estamos defendendo a famigerada doutrina da maldição
hereditária, tão propagada em nossos dias em alguns círculos evangélicos, os
quais entendem que a maldição familiar pode alcançar qualquer pessoa
descendente de um ancestral amaldiçoado, e isso vai se transmitindo
indefinidamente através do tempo, até que um "especialista” entre em ação
e rompa o fluxo dessa “energia maligna invisível”, que pode prejudicar muitos
inculpáveis. Absolutamente, não se trata disso. A maldição aqui mencionada é
exclusivamente educacional e cultural. A história familiar passa a ser reproduzida
pelos descendentes que a aprenderam de seus pais. Trata-se de uma reação
estritamente psicológica e comportamental. O apóstolo Pedro, nesse diapasão,
aduz que os cristãos foram resgatados da "vã maneira de viver que, por
tradição”, receberam dos pais, pelo sangue de Jesus (1 Pe 1.18,19); ou
seja, a educação (tradição) paterna foi a maldição familiar que subsidiou o
jeito de viver desobediente dos filhos.
O Senhor, porém, não desistiu do
homem e achou Noé, estabelecendo um plano de salvação por intermédio da sua
família. Foram as noras de Noé, ao gerarem filhos, que salvaram a raça humana
da extinção.
Depois do dilúvio, Deus chamou um
homem de 75 anos e disse que, se ele o obedecesse, nele seriam benditas todas
as famílias da terra (Gn 12.1 -3). A família de Abraão foi a escolhida para
trazer o Salvador ao mundo. Desde os primórdios, Deus usa famílias para tratar
com os homens. Afinal, todos os projetos significativos de Deus são plurais.
Eles envolvem a formação de uma equipe. E, pois, através da família que o
Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.
2. A família é o campo de treinamento de Deus
Observa-se claramente nas
Escrituras que a família é o campo de treinamento que Deus usa para preparar o
ser humano para as experiências da vida. A família é o microcosmo da vida
social (Ex 2.7-9,11,12; Jz 11.1 -3,11; etc.). Charles Colson e Nancy Pearcey
asseveram:
"Quando marido e mulher se
unem, eles formam uma família, a instituição central da sociedade humana - o
campo de treinamento, na verdade, para todas as outras instituições sociais. A
sexualidade humana não foi projetada somente como uma fonte de prazer ou uma
maneira de expressar afeto. Ela foi projetada como um elo poderoso entre marido
e mulher, para formar um ambiente seguro e estável para levar as crianças
vulneráveis até a idade adulta. A vida familiar é a 'primeira escola’ que nos
prepara para participar da vida religiosa, cívica e política da sociedade,
treinando-nos nas virtudes que nos capacitam a colocar o bem comum diante dos
nossos próprios objetivos pessoais. Dizer não ao sexo fora do casamento
significa dizer sim a esta visão mais ampla do casamento como a fundação de uma
instituição duradoura que não somente satisfaz as necessidades pessoais, mas
também nos une a uma comunidade mais ampla por meio de obrigações morais e
benefícios.
Não é suficiente insistir que o
sexo fora do casamento é um pecado, ou que praticar a homossexualidade é
errado. Precisamos aprender a expor, de uma maneira positiva, o ponto de vista
bíblico completo que dá sentido a estes princípios morais. Precisamos explicar
o que significa viver dentro de uma ordem moral criada e objetiva, em vez de
perpetuar o reino caótico do ser autônomo”.
Assim sendo, analisando
cuidadosamente, vê-se que as experiências vivenciadas no seio familiar são
preparações para o viver em sociedade. Os irmãos, mesmo aqueles mais
complicados, são bênçãos para o viver de todos os familiares. Na verdade, o
Senhor está treinando uma família para anunciar as virtudes de Deus,
demonstrando seu cuidado gracioso pela vida de cada um; contudo, será muito
perigoso se esse campo de treinamento for transformado em campo de guerra. Todo
cuidado é pouco.
3. A família é a única possibilidade de realização total do homem
O rapaz e a moça jamais serão
total mente realizados se não estiverem em família, pois somente nela a vida
flui ordenadamente... há hierarquia, amor, compromisso, desentendimento,
reconciliação, etc.; como já foi dito, trata-se de um microcosmo da vida. Essa
é a única esperança para o ser humano, que vive sob o pecado, desfrutar da
verdadeira felicidade.
Seja na casa dos pais, enquanto
solteiro, ou no momento de criar um novo núcleo familiar, quando deverá ter o
seu próprio espaço geográfico (sua casa), o jovem somente alcançará o centro da
vontade de Deus se estiver vivendo em família, dentro dos princípios traçados
pelo Senhor.
III. Ensinamentos Recebidos na Família
1. É na família que se cresce enquanto ser humano
Nesse grande laboratório divino, o
homem conhece a si mesmo. É ali que as aptidões são desenvolvidas. Com o
crescimento pessoal, aprende-se a ser forte, bem como a superar os obstáculos
da vida. Este processo aconteceu com João Batista (Lc 1.80), com Jesus (Lc
2.39,40), e também acontece com cada indivíduo. Este é o projeto de Deus.
Ainda assim, por vezes, surgem
tensões e problemas para o crescimento pessoal acontecer. Alguns são crônicos,
pois é na ambiência da tempestade que as árvores fincam mais fortemente suas
raízes no solo, para nunca serem arrancadas.
2. É na família que aprendemos a dependência aos semelhantes
Aprender a olhar para o outro e
sentir a necessidade dele para poder viver é um dos papéis da família. É nela
onde a solidariedade deve nascer, para ensinar a todos que tudo no lar deve ser
igual para todos e que é preciso, sempre, caminharem juntos.
Nesse sentido, há um sábio
provérbio africano, que ensina: “Se quiser ir rápido, vá sozinho; Se quiser ir
longe, vá com alguém". Isso nos remete, como já foi dito, a duas questões
importantes:
a) A família precisa ter ritmo. Entender a importância do outro faz
todos andarem no mesmo ritmo, a fim de que não se deixe ninguém para trás. Isso
significa que, em face de se dar alto valor aos outros membros da família,
todos devem ter os mesmos padrões de roupas, perfumes, além de frequentar os
mesmos ambientes. Esposo, esposa e filhos. Infelizmente, porém, alguns cônjuges
se qualificam profissionalmente, mas não auxiliam o outro a também se
qualificar. É importante que haja paridade no seio familiar, em todos os
aspectos, a fim de não criar jugo desigual (2 Co 6.14-16). Essa regra também
serve na relação pais e filhos. Jacó entendeu isso. Ele disse a Esaú que,
diante da presença dos meninos e dos animais, ele caminharia no passo do gado
(Gn 33.13,14). Ele ia devagar, em respeito aos mais frágeis. Afinal de contas,
na família, ninguém deve seguir sozinho. Pressa e individualismo são para quem
não está acompanhado.
b) A família, para ir longe, precisa seguir unida. A força da união
familiar traz vida longa (SI 128.3,6) e faz dos filhos como flechas nas mãos do
valente (SI 127.4), os quais poderão ir bem mais distante do que seus pais!
Para se ir longe, sem dúvida, é preciso ir com alguém. E a família é a melhor
companhia!
Essa verdade pode ser observada
claramente na natureza, pois o ser humano, depois do nascimento, somente
sobreviverá se houver a intervenção dos pais. A criança precisa aprender com
outra pessoa a fazer quase tudo, diferentemente do que acontece com os animais
irracionais, os quais, em regra, sobrevivem praticamente sozinhos, pois foram
dotados de estrutura genética e de psicológica distinta. Na família, aprende-se
o mandamento de que precisamos do outro para viver (Etc 4.9,10).
Seguir com a família é o propósito
daqueles que vivem centrados em Deus. No fim dos dias, e sempre, haverá
faustosos banquetes, em que todos (pais, filhos, noras e genros, filhos, netos
e agregados), juntos, com muitos ou poucos recursos materiais, celebrarão a
vida... Porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre (SI 133.3).
3. É na família que conhecemos a Deus
Deus estabeleceu a família como o
primeiro lugar de adoração. Um lugar em que se conhece o Senhor (Dt 11.18,19; 2
Tm 1.5; 3.15). O ponto de partida de Deus para a realização do seu projeto,
iniciado no Éden, é com a família. O homem contemporâneo deturpou esse sentido
original (2 Tm 3.1 -4). Muitas das famílias atuais levam as crianças a um total
desconhecimento do Criador, ensinando mentiras, levando-as ao hedonismo, ao
materialismo; porém, cabe aos cristãos fazer a vontade de Deus — ser um
diferencial nesta geração, e muitas famílias estão cumprindo esse papel. Nem
tudo está perdido. Éssa opinião é também compartilhada pela educadora Dolores
Curran. Para ela, é preciso enxergar as coisas boas que estão acontecendo nas
famílias, embora ela reconheça que existem muitas famílias problemáticas. De
acordo com uma pesquisa que realizou com quinhentas pessoas que trabalham com
famílias, Dolores chegou à conclusão de que famílias bem ajustadas não só podem
existir, como realmente existem, e possuem as seguintes características:
• Os membros se comunicam e ouvem
uns aos outros.
• Existem apoio e estímulo mútuos.
• Os membros aprendem a respeitar
os outros.
• Os membros confiam uns nos
outros.
• Existe um clima de humor e
brincadeira.
• As responsabilidades são
compartilhadas.
• Os membros aprendem a diferença
entre certo e errado.
• Os laços de família são muito
fortes e há respeito pelos rituais e tradições.
• Há equilíbrio nas interações dos
membros.
• O cerne da crença religiosa é
compartilhado por todos.
• Há respeito
pela privacidade de cada um.
• Valoriza-se o serviço ao
próximo.
• As pessoas admitem suas
dificuldades e procuram ajuda para resolvê-las.
Trazer Deus para dentro da família
não significa, como mencionado anteriormente, excluir todas as dificuldades e
conflitos familiares, e sim, como defende Dolores Curran, em resumo, propiciar
o crescimento pessoal dos indivíduos (autoconhecimento), estimular o amor, a
integração e a cumplicidade entre os familiares e, por fim, conduzir a família
a conhecer profundamente o Deus de seus pais. Isso aconteceu com Abraão, Isaque
e Jacó, num período muito mais complicado da história da humanidade, e por qual
motivo não pode acontecer nos dias atuais?
Viver em família é a mais
emocionante aventura da vida. Conviver com pessoas diferentes e suportá-las em
amor é, sem dúvida, um exercício extraordinário de fé e obediência. Já percebeu
que não há irmãos iguais? Inclusive, os gêmeos possuem, em regra, fortes
diferenças de temperamentos. Todos têm suas idiossincrasias, algumas das quais
podem ser insuportáveis! Tudo isso, porém, nada mais é que pano de fundo para o
crescimento equilibrado dos seres humanos.
Autor: Reynaldo Odilo
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