O capítulo 7 do
livro de Isaías dá início a uma sequência de profecias que seguem até o
capítulo 12. Esse bloco de sequências pode ser chamado de “O livro do
Emannuel”, pois esses capítulos narram as primeiras profecias que Isaías,
impelido pelo Espírito Santo, proclamou acerca do Messias. Sendo assim, é
importante destacar alguns aspectos do contexto em que o profeta Isaías estava
inserido, durante o tempo em que ele anunciava a vinda do Messias.
Após passar por
uma forte e gloriosa experiência que impactou completamente a sua vida
ministerial (Is 6.1-13), Isaías, o profeta do julgamento e da esperança,
decidiu obedecer ao chamado que recebera de Deus e passou a anunciar a sua
palavra com ousadia e temor. E com esse ímpeto que vemos o profeta atuando a partir
do capítulo 7. Nesse trecho, Isaías é mandado por Deus para falar com Acaz,
atual rei de Judá daquela época e sucessor de seu pai Jotão e neto de Uzias.
Esses dois foram bons reis para Judá (2 Cr 26.1-4; 2 Rs 15.33-34), porém Acaz
não tinha confiança no Senhor, chegando a oferecer vários sacrifícios para
deuses pagãos. Dentre os tais, deu os seus próprios filhos para serem queimados
como oferta (2 Cr 28.3; 2 Rs 16.3).
I - CONSOLO AO POVO SOFREDOR
Conforme Deus
ordenara, Isaías foi encontrar-se com o rei Acaz, levando consigo o seu filho
Sear-Jasube, cujo significado é “um resto voltará”. De acordo com o texto, o
cenário político de Judá, a essa altura, não era dos melhores, pois a cidade
estava prestes a ser tomada pelas forças aliadas de Rezim, rei da Síria, e
Peca, rei de Israel. Esses líderes tinham como objetivo principal forjar uma
aliança com Judá para combater as forças assírias que estavam se expandindo
rapidamente e ameaçavam se tomar um império. Portanto, seria necessário,
primeiramente, destronar Acaz, rei de Judá, e colocar um rei “fantoche” que
favorecesse a aliança que aqueles reis tanto desejavam. Conforme se encontram
registradas nas narrativas de 2 Crônicas 28, Judá já havia sofrido baixas que
geraram medo no seio dos habitantes, e era assim que Acaz também se encontrava,
conforme a narrativa bíblica: “moveu o seu coração, e o coração do seu povo,
como se movem as árvores do bosque com o vento” (Is 7.2).
Apesar de ter
conhecimento dos cultos idólatras do rei de Judá, Deus, num ato de misericórdia,
ordenou ao profeta Isaías dizer a Acaz que ele não estremecesse o seu coração
com pavor dos inimigos que os cercavam. Pelo contrário, o rei só precisaria
aquietar-se e confiar em Deus, pois Ele não deixaria o mal cair sobre o seu
reinado. E como prova de que tais promessas vinham da parte do Senhor, foi dada
a chance a Acaz de pedir um sinal que comprovasse a veracidade da palavra,
conforme veremos no próximo capítulo deste comentário.
Com indignação,
o profeta Isaías advertiu a casa de Davi, ou seja, não apenas ao rei Acaz, mas
também toda a casa real, que esgotou a paciência de Deus. Assim, seguiu-se uma
mensagem de julgamento, na qual o Senhor deixaria um sinal, ainda que fosse
contra a vontade de Acaz. Trata-se do sinal de Emanuel, que significa “Deus
conosco” ou “conosco-está-Deus” (7.14). Esse sinal serve para refutar a
incredulidade de Acaz, que o fazia pensar que Deus não mais se importaria com o
seu povo.
Somente sob a
inspiração do Espírito Santo para ser feita uma declaração como a que foi feita
por Isaías! Ao dizer conosco está Deus , o profeta não mais incluía o rei Acaz,
porque este já fez a sua escolha diante de Deus. Porém, a inclusão que Isaías
apontou apontava ao “remanescente que voltaria”, ou seja, Deus estava com o
profeta e com o povo que voltaria do cativeiro. Foi nesse contexto em que
Isaías, inspirado pelo Espírito Santo, começou, então, a “desenhar” a figura do
Messias como símbolo de uma nova ordem, sem aparência de rei, mas com a
dignidade de monarca, sem palácios, sem exércitos. Contudo, Ele ensinará e será
juiz das nações, reinará com justiça, e as nações virão até Jerusalém para o
conhecer.
Apesar de o
sinal profético de Isaías deixar claro que as promessas se cumpririam muito em
breve, ou seja, durante o período de vida do rei Acaz (7.16), observaremos que
a profecia não se aplicaria apenas no tempo daquele rei, mas seu cumprimento
final aponta para Jesus Cristo, nosso Senhor. De acordo com Mateus (1.23) e
Lucas (1.27-33), uma criança nasceu e encarnou o mesmo sinal que Isaías
anunciou a aproximadamente sete séculos atrás. Essa criança, porém, não
anunciaria apenas que o Senhor estava somente com o povo de Judá, mas o Emanuel
é dado agora por Deus como sinal para todo o mundo no tempo presente e no
vindouro. Jesus Cristo é o Emanuel, o sinal de Deus para o mundo, pois veio
para trazer a salvação e a libertação, paz para os aflitos e descanso aos
abatidos. Ele veio trazer uma nova ordem ao mundo, um paradigma baseado no
amor. Veio também anunciar a chegada do Reino de Deus a todos os seres humanos.
A
característica primordial que articula esse Reino é a constante e eterna
presença de Deus. Nada sucede sem a sua presença. Tudo acontece nEle e por Ele.
Portanto, Jesus Cristo é o eterno sinal de que Deus está e estará sempre
conosco em todas as situações.
1. O Instrumento de Deus para corrigir e
livrar o seu povo
Para melhor
compreensão do anúncio messiânico que se encontra no capítulo 9, será
necessária uma leitura breve e geral dos acontecimentos que antecederam aquele
texto. Assim, após o anúncio da destruição dos inimigos de Judá (7.4-9), Deus
ordenou a Isaías que fosse ter com sua esposa, que se encontrava grávida,
prestes a dar à luz. E ela gerou um filho. Então, o Senhor falou ao profeta que
este chamasse o menino de Maer-Salal-Hás-Baz
(“pronto ao saque, rápido aos despojos”). Esse nome, portanto, sinalizava que a
promessa não tardaria e seria cumprida logo (8.1^4), quando os assírios
invadiram o Reino do Norte. Mas o Reino do Sul também teria seu tempo de exílio
ao ser feito cativo pela Babilônia.
Em seguida,
assistimos uma série de advertências que o profeta declarou contra Judá, pois o
seu povo e a casa de Davi subestimaram a ação de Deus e depositaram confiança
na Assíria (8.6-8). Não bastasse essa falsa confiança, o profeta advertiu
também acerca da vã esperança que muitos deles depositavam ao consultarem
adivinhos e espíritos familiares (8.19) quando deveriam viver sob o seguinte
lema: “à lei e ao testemunho”. Essa frase, embora curta, será de extrema
importância para os que assim desejam viver, pois, assim como luz, iluminará os
seus caminhos. Isso porque o profeta estava prevendo tempos de escuridão, de
fome e de opressão àqueles que decidissem se afastar da fé (8.22) e, em
resposta, eles amaldiçoarão ao rei e ao Senhor, o que prova mais uma vez que
seus corações estariam endurecidos.
2. A Arrogância do instrumento de Deus
Os Assírios eram
um povo arrogante. Embora naquele momento estivessem sendo instrumento de Deus,
não reconheceram essa verdade e diziam que tinham muita força própria,
sabedoria, inteligência; que tinham o poder de mover as nações e remover seus
limites, de roubar riquezas e destronar reis (Is 10.13-14). O profeta afirma
que jamais um instrumento poderá se gloriar contra aquele que o utiliza, como
se o machado pudesse mover a mão do lenhador (Is 10.15).
3. Deus destruirá o inimigo cruel
Angústia,
escuridão e sombras de ansiedades. Esses eram os sentimentos que habitariam (e
habitaram) no povo de Judá e os fariam mergulhar completamente nas trevas. Em
meio ao caos, e após proferir o julgamento do povo, o profeta, sob as
instruções do Senhor, anunciou, enfim, a esperança para os povos cansados e
oprimidos e a destruição tanto da Assíria quanto da Babilônia. Assim, as terras
de Zebulom, Naftali e a Galileia, que juntas serão mais tarde chamadas apenas
de Galileia, tornam-se o primeiro alvo do profeta Isaías para lhes anunciar o
fim da escuridão, do medo e das trevas. Essa escolha deve-se possivelmente pelo
fato de as terras da Galileia terem sido destruídas de maneira mais severa
durante as guerras sírias e também quando os assírios invadiram Efraim (Is
8.4), sendo a primeira a ser tomada. Nessa investida, Tiglate-Pileser, rei
assírio, deportou a sua população para a Assíria (2 Rs 15.29).
Mas a
intervenção de Deus chegou na hora exata para o povo de Jerusalém e, como um
lenhador, o Senhor destruirá as forças assírias, pois essa é aqui colocada como
uma vasta floresta de árvores imponentes que caíram em todo seu esplendor
(10.18); serão derrubados, em primeiro lugar, os ramos com violência; e os de
alta estatura serão cortados, e os elevados serão abatidos, conforme anuncia o profeta.
Essa trama faz-nos lembrar de que não existem reinos ou reinados que excederão
o grande governo do Senhor. Assim, todos os reinos que se exaltam e
soberbamente se enchem de orgulho serão certamente aniquilados pelo Senhor. Não
importa quão altas sejam as suas árvores ou quão fortes os seus caules. Deus
sempre abaterá todos os que se exaltam e elevará os que procuram a humildade
que não é fingida ou disfarçada de hipocrisia.
Isaías diz que
o Senhor dos Exércitos fará definhar a Assíria. O próprio Deus em um dia
consumiria parte de seus exércitos (Is 10.16-19). Isso aconteceu quando, de uma
só vez, morreram 185 mil soldados dizimados por uma peste (2 Rs 19.35), quando
esse exército estava acampado ao redor de Jerusalém para a destruir, depois de
já ter destruído todas as cidades em volta. Mas a destruição final da Assíria
viria com a invasão dos Medos e dos Babilônios em 612 a.C.. A magnífica
civilização de ilimitada ambição e conquistas violentas e cruéis terminaria,
conforme descrito por Isaías (10.24-25).
II - O PODER DO MESSIAS
O Messias para
Israel seria o grande libertador que finalmente tiraria do seu povo a vergonha
de ser escravizado e subjugado por outros povos, como no caso da Assíria e da
Babilônia. Somente Ele teria poder para trazer libertação total e completa.
Todos os demais reis frustraram a esperança do povo, mas esse seria vencedor.
Essa mesma importância Jesus assumiu para o povo da nova aliança, a Igreja.
1. A Grande luz do menino que nasceu
O povo que
andou em trevas viu finalmente uma luz! Por fim, encerrava-se uma era trágica
marcada pela morte. O profeta antevê todos esses acontecimentos e certamente se
regozija pelo fato de saber que Deus não abandonaria o seu povo. Ainda que esse
povo mergulhasse nas mais terríveis trevas, haveria sempre uma saída no Senhor.
Tal como o sinal (Is 7.14) era para sinalizar trilhos de esperança, a luz,
aqui, indica o término do pesado sofrimento, que a opressão política externa
teria o seu fim, que a libertação estaria à vista, que há uma direção a ser
seguida, pois agora não se anda mais sobre o que não se vê, porque os caminhos
estão iluminados; é anunciado mais uma vez um futuro excelso, e as terras da
Galileia, que muito sofreram, seriam testemunhas de que essa luz veio ao mundo
e nunca mais se apagará.
A importância
da luz na Bíblia se dá pelo fato de simbolizar e estar ligada à vida e à
felicidade. Por isso, Deus é comparado à luz (Tg 1.17), pois dEle emana a vida
e a felicidade. Nenhuma vida seria possível na Terra se não houvesse abundância
de luz. Nenhuma vida espiritual teria as pessoas que conhecem a Deus se Ele não
as alimentasse com sua luz poderosa. Dessa forma se diz do Messias que virá,
que Ele irradiará uma grande luz, iluminando os que andavam na escuridão (Is
9.2). Agora não haverá mais desorientação, nem confusão, pois o Messias, o
Cristo, já proporcionou abundante luz para os seus filhos, pois, diante dessa
luz, há clareza no caminho (Jo 14.6). Aqueles que moravam em regiões de morte
têm agora lugar permanente na vida abundante (Jo 5.24).
2. A Imensa alegria (is 9.3)
Isaías previu
que essa luz traria uma grande alegria ao povo remanescente, porém uma alegria
superior a todas as experiências boas que o povo já havia vivido. Sendo assim,
o profeta tenta fazer aproximações comparativas dessa alegria com os melhores
momentos que o povo já experimentou, como os dias em que o povo saía para
celebrar as colheitas feitas (9.3); ou então nos dias em que repartiam os
despojos; e até mesmo como nos dias em que Deus usou Gideão e o seu pequeno exército
para derrotar os midianitas, quando nem chegaram a lutar contra os midianitas
e, mesmo assim, venceram (Jz 7). Mas, ainda assim, esses exemplos não chegavam
perto daquilo que o profeta Isaías contemplou por meio do Espírito Santo. A
alegria era tamanha que essa palavra aparece registrada por mais de três vezes
em apenas dois versículos (9.3,4).
Antes que
perguntassem qual a razão de tamanha alegria, o profeta Isaías nos responde
imediatamente: “porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu!” Esse menino
não é apenas uma criança comum. Pelo contrário, nEle repousam grandes atributos
de equidade e justiça, como afirma Ridderbos. O profeta Isaías certamente não
tinha em mente um príncipe terreno (pois alguns estudiosos comparam o
nascimento da criança com o rei Ezequias), mas estava se referindo ao Grande
Rei do futuro que seria chamado também de Messias, Cristo ou Ungido.
Isaías compara
a alegria que o Messias traria à mesma alegria que havia na época das colheitas
(dia de pagamento com aumento de salário) ou como num despojo de guerra em que
conseguissem muitas riquezas. A vinda de Cristo a terra representa uma boa-nova
expressa nos Evangelhos, tão extraordinária que o anjo que apareceu aos
pastores em muita glória, a ponto de eles ficarem aterrorizados, disse: “[...]
vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo” (Lc 2.10). A
alegria de Cristo consiste no fato de Ele ter poder para perdoar pecados,
salvar, curar e batizar no Espírito Santo. Mas, além disso, estar com Cristo é
estar com a fonte permanente de alegria. Assim, mesmo em meio às tribulações e
angústias, podemos experimentar sua alegria em nossa alma.
3. A Quebra do jugo (is 9.4)
Jugo é
designado na Bíblia como uma peça de ferro ou madeira que era colocada no
pescoço do boi para controlá-lo, ou seja, um instrumento de opressão e
submissão. Não existe nada pior para o ser humano do que ser aprisionado por
algum jugo. Existem muitas pessoas aprisionadas pelo pecado, por outras
pessoas, ou mesmo por situações da vida que as oprimem e as subjugam. Mas
Cristo, o Messias, veio para estraçalhar qualquer jugo e para tomar
completamente livres todos os que o reconhecem como Cristo.
III - OS NOMES DO MESSIAS
O Messias
libertador do povo seria o contraponto de todos os reis e reinos que fracassaram
e fracassariam. Conforme descrito por Isaías, esse rei teria que ter
qualificativos que nenhum outro rei, em qualquer tempo ou lugar teve, pois
somente Ele é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores (Ap 19.16). Ele é Jesus
Cristo, aquEle que foi enviado por Deus como o Messias.
1. Maravilhoso Conselheiro
Maravilhoso é a prova clara de que o
Messias iria transcender os limites da compreensão e existência humanas comuns.
Por exemplo, os milagres que os Evangelhos relatam acerca de Jesus, o Messias,
deixaram claro que Ele era extraordinário, ou seja, não é comum aos seres
humanos caminharem sobre as águas (Mc 6.45-52; Mt 14.22-36; Jo 6.15-21), ou que
simplesmente ordenem aos mortos para que voltem à vida (Jo 11.1-46). E o que
dizer da sua morte e ressurreição?
A
característica de Conselheiro é
indispensável aos reis, especialmente quando se trata do Rei dos reis e Senhor
dos senhores, que governará eternamente. Desde o Antigo Testamento ao Novo
Testamento, observamos que Deus sempre deixou claro que o Messias seria amante
da sabedoria (e.g. Pv 8; Is 11.2). Essa sabedoria é notável ao percebermos que,
até mesmo quando criança, antes de dar início ao seu ministério, Jesus já se
sentava para gastar tempo com os doutores, ouvindo-os e interrogando-os (Lc
2.41-52).
2. Deus Forte
Poder que não é
acompanhado por conselhos sábios ou conselhos sem poder para agir são ambos
infrutíferos. Portanto, essa característica atribuída ao Messias é complementar
à sabedoria. Foi com poder e sabedoria que fomos salvos. Paulo faz uma
excelente comparação ao dizer que Cristo é a cabeça sobre todo principado e
potestade, sejam humanas ou espirituais (Cl 2.8-13), pois nEle “habita
corporalmente toda a plenitude da divindade” (v.9), ou seja, não há e nunca
haverá nenhuma criatura e situação que possa nos arrancar de Cristo (Rm
8.31-39), pois todos os seres viventes estão sob o seu governo, que é eterno e
poderoso.
Contrapondo a
fraqueza dos governantes que oprimiram os fracos e desvalidos (Is 10.1-2), mas
também se sobrepondo aos países que oprimiram Israel, como Assíria e Babilônia,
agora o Deus Forte assume o controle. Ele tem todo o poder e pode governar. Ele
é infinitamente mais forte que todos os inimigos e vai dar descanso ao seu
povo. Além disso, é na força de, Deus que o Messias, também sendo Deus, imporá
a justiça e o direito. Ninguém mais oprimirá seu próximo, pois a equidade será
estabelecida. Ele é forte o suficiente para estabelecer a tão esperada paz.
3. Pai da Eternidade
O governo e o
cuidado que o Messias tem pelo seu povo serão eternos. Sendo assim, desde a
eternidade, Deus vem preparando esse evento futuro. É pensando desse modo que o
apóstolo João descreveu que, no princípio, Ele era e sempre será. Essa
característica extrapola toda a compreensão humana, mas o fato é que, por
transitar de eternidades a eternidades, o Senhor É o que É, e nEle são todas as
coisas. Todas as coisas se perdem diante dEle, e é Ele que nos aponta o futuro
e nos convida a sermos parte dEle e a participarmos da alegria eterna que, já
desde Isaías, está nos convidando e continuará nos convidando até que o tempo
por Ele estabelecido se cumpra. Porém, uma coisa é certa: em Deus, há um futuro
maravilhoso sem trevas e sem medo. Esse tempo pode ser aproveitado nos nossos
dias, pois basta lembrar que o Senhor “conosco-está” e opera maravilhas em
nossas vidas, conduzindo-nos sabiamente como um pastor conduz as suas ovelhas e
nos protege com segurança e destreza contra todos os inimigos que nos tentam no
dia a dia. E o mais importante: é Ele quem nos guia em caminhos de paz.
Deus contrapõe
a efemeridade de tudo o que é humano. “Ele é antes de todas as coisas, e todas
as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17). Exatamente por ser eterno, sem começo
nem fim, é que Ele é o Deus Forte que controla e mantém todas as coisas em seu
devido lugar, com todas as leis da natureza por Ele criadas e sustentadas.
Antes que houvessem sido criados céus e terra, Ele já existia (Jo 1.1), pois
Ele criou a própria eternidade. Além disso, Ele existirá para todo o sempre,
numa perpetuidade de poder, glória e majestade. Podemos dizer ainda que não há
rugas na fronte do altíssimo, pois Ele é perpetuamente jovem!
4. Príncipe da Paz
Essa é a utopia
de todos os tempos e lugares. Todo o mundo procura um instante de paz. Até os
mais sanguinários líderes, em algum momento de suas carreiras, sonharam com a
paz. A paz para o povo que vivia em trevas significava finalmente o cessar dos
conflitos armados, repouso e bem-estar. Porém, essa paz não deve ser
compreendida apenas sob esse ponto de vista, pois a paz tem sua origem na
expressão hebraica shalom, que pode ser compreendida também como toda
a salvação, bênção e felicidade. Mas a palavra também sugere prosperidade,
espaço, riqueza, saúde, bem--estar, felicidade e contentamento. Enfim, é uma
paz muito abrangente.
Aquele a quem o
profeta Isaías chamou de Príncipe da Paz, cujos atributos foram analisados
anteriormente, culminam, de maneira simples, nesta grande revelação: o menino
que carrega em seus ombros o principado será conhecido como Maravilhoso por
causa das ações extraordinárias que realizaria. Será também conhecido como
Conselheiro, pois sua sabedoria excederá inúmeras vezes mais do que a sabedoria
do rei Salomão. NEle se encontra toda a plenitude divina. Logo, é Deus forte,
que conhece e dita o tempo antes que o tempo se cumpra. Antes que o mundo
existisse, Ele já existia. Isso porque Ele é o Pai da eternidade e, por isso
mesmo, somente Ele pode trazer a paz completa para os seres humanos e no ser
humano todo, como escreveu o salmista: “Porque ele livrará ao necessitado
quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude.
Compade-cer-se-á do pobre e do aflito e salvará a alma dos necessitados.
Libertará a sua alma do engano e da violência, e precioso será o seu sangue aos
olhos dele” (SI 72.12-14).
IV - A CERTEZA DA VINDA DO MESSIAS
A consequência
de todos os atributos do Messias que Isaías previu seria certamente o do
reinado sem fim e também de sua multiplicação por toda a terra. Essa visão é
semelhante àquela que o profeta Daniel interpretou acerca do sonho do Rei
Nabucodonosor (Dn 2.35). A promessa feita a Davi sobre o reinado eterno
finalmente se cumprirá nesse Rei (Jesus). Esse reinado certamente não conhecerá
guerra nem trevas, pois o que estará assentado sobre o trono reinará sob a
vontade completa de Deus. Atualmente, muitas pessoas que ouvem essas promessas
não conseguem acreditar, pelo fato de soarem como boas demais para se tornarem
reais. Mas o fato é que elas se cumprirão completamente com a segunda vinda de
Cristo. Isso quer dizer que boa parte do que o profeta profetizou já se
cumpriu, primeiramente em seu tempo ou logo após. Por fim, e acima de tudo, já
se cumpriu e será ainda cumprido por meio de Jesus Cristo. Como garantia de que
a palavra vem do Senhor, o próprio profeta Isaías deixou claro que “o zelo do
Senhor dos Exércitos fará isso” (9.7b-NVI).
Através dos
eventos históricos, podemos observar que o profeta Isaías falava realmente sob
inspiração divina, pois, ao analisarmos o Novo Testamento, observaremos que o
povo da Galileia contemplou a maravilhosa luz (Mt 4.12-17) quando Jesus deixou
a cidade de Nazaré para começar sua atividade ministerial e, de lá, passou a
anunciar a chegada do Reino de Deus. Outro aspecto também se deve ao fato de o
anjo Gabriel descrever Jesus com os mesmos atributos que o profeta Isaías previu
acerca do Messias (Lc 1.31-33); enfim, poderíamos citar aqui inúmeros trechos
do Novo Testamento que apontam que as profecias de Isaías se cumprem em Jesus.
Porém, o que importa para nós é saber, mediante a fé e as Escrituras, que Jesus
já está sentado em seu trono de glória ao lado do Pai, pois venceu o príncipe
das trevas (Mt 12.29; 1 Jo 3.8) e, um dia, fará raiar a alvorada de um Reino de
paz que abrangerá céus e terra.
Após as
extraordinárias visões que Isaías teve acerca do Messias, só lhe restou se
encher de esperanças e entoar um salmo de ações de graça ao Senhor (Is 12). A
nós também nos resta apenas dizer como o profeta: “Eis que Deus é a minha
salvação” (v.2). Pois o que Isaías escreveu, apesar de estar inserido num outro
contexto, afeta a cada um diretamente, pois sabemos, mediante a fé e as
escrituras, que as profecias discorridas sobre o Messias se cumpriram
parcialmente e ainda se cumprirão por completo. Hoje, sabemos que Jesus Cristo
é o Messias, o Príncipe da Paz, o Emanuel, o nosso Salvador. O futuro anunciado
por Isaías será executado por Ele, Jesus, que eternamente governará e libertará
a terra da opressão e da morte. Cabe-nos, portanto, estarmos confiantes nessa
fé no Senhor acerca do tempo que nos conduzirá triunfantemente a um futuro melhor,
a dias incontáveis sem dor e de paz eterna.
Autor:
Claiton Ivan Pommerening
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