Introdução
Embora
estejamos num século indiferente a Deus, o ser humano nunca se acercou de
tantos ídolos, mitos e divindades. Até mesmo os ateus aferram-se aos seus
deuses, pois temem não o porvir, mas o presente. Os que se opõem a Jesus
incensam falsos messias e salvadores. Quanto aos irreligiosos, o que diremos?
Têm eles as suas religiões, nas quais buscam refugiar-se nas tempestades da
vida. Infere-se, de todo esse quadro, que o homem moderno continua a ser o
mesmo homo
religiosus descoberto pela
antropologia nas sociedades tidas como primitivas e atrasadas.
O homem, por
sua vocação, jamais deixará de ser religioso. Que o digam os santuários,
capelas e templos espalhados pela cidade e encravados no campo. Por essa razão,
o evangelista há de preparar-se, a fim de expor a mensagem da cruz até mesmo
aos que, presumindo-se evangélicos, jamais experimentaram o poder do evangelho.
Somente Jesus Cristo conduz à verdadeira religião.
I. RELIGIÃO, NECESSIDADE OU INVENÇÃO
Afinal, o que é
a religião? Invenção divina? Ou necessidade humana? Se partirmos do pressuposto
de que Deus, como o Criador de todas as coisas, nada precisa inventar,
concluiremos que a verdadeira religião não é invencionice divina, mas a
expressão máxima do amor que levou o Pai Celeste a enviar o Filho a morrer em
nosso lugar. O homem, porém, ao afastar-se de Deus, endeusou-se, e pôs-se a
inventar as mais absurdas seitas e as mais esdrúxulas religiões.
1. Religião, religar ou reler. A
palavra hebraica traduzida ao português como “religião” é avodháh, que, entre outras coisas,
significa trabalho e adoração. Se formos ao grego do Novo Testamento,
constataremos que o termo thrêskeia, usado por Tiago, não traz a ideia de
uma religião meramente formal, mas evoca a adoração que Deus requer de cada um
de nós (Tg 1.26). A religião, portanto, não deve circunscrever-se à liturgia,
mas ampliar-se no serviço que a criatura tem de prestar continuamente ao
Criador. É por isso que, no inglês, a palavra “culto” é traduzida pelo vocábulo
Service.
Examinemos
agora o mesmo termo em latim. O vocábulo religio
é interpretado de duas formas que, embora distintas, são harmônicas. Buscando o
étimo exato do referido termo, o orador romano Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.)
explica que religio provém do verbo
latino relegere,
que ostenta este significado: reler. Mas que leitura deve o homem retomar? Sem
dúvida, daquilo que Deus nos inscreveu na alma, para que jamais o
esquecêssemos. Não é uma explicação despropositada, pois ainda que mortal, a
criatura traz no espírito a eternidade do Criador. Ouçamos o sábio de Israel:
“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração
do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio
até ao fim” (Ec 3.11).
Sem a
eternidade que nos vai na alma, a religião seria impossível. Mas, posto que lá
se encontre, insta-nos a deixar o tempo para comungarmos com o Eterno. Eis por
que Cícero, apesar de desconhecer os profetas hebreus, interpretou tão bem o
significado da religião. Todas as vezes que lemos o que Deus nos escreveu no
coração, somos tomados de um almejo muito grande por sua companhia.
Agostinho
(354-430) dá outra interpretação à palavra religio.
No entender do grande doutor da Igreja Cristã, o termo não significa
propriamente reler, mas religar. Essencialmente, porém, não há diferenças
substanciais entre a sua acepção e a de Cícero, porque ambas remetem-nos ao
encontro pessoal que a criatura almeja ter com o Criador. Conclui-se, pois, que
a religião verdadeira é serviço, adoração, releitura da alma e um religar entre
a criatura e o Criador. Mas tudo isso só é possível por intermédio de Jesus
Cristo, o único medianeiro entre o homem e Deus, porquanto Ele é Verdadeiro
Homem e Verdadeiro Deus.
2. Religião, necessidade universal. Ao
chegar a Atenas, deparou-se Paulo com uma metrópole entregue aos ídolos e
aprisionada à idolatria. Naquela cidade, era mais fácil encontrar um deus do
que um homem. Em todas as esquinas, havia um nicho; em cada praça, um
santuário; em cada logradouro, um templo. O apóstolo observou também que, entre
todos aqueles altares, havia um consagrado ao Deus Desconhecido.
Tendo como
ponto de partida aquele insólito objeto de culto, Paulo utilizou-o, a fim de
mostrar aos filósofos epicureus e estoicos as bases da verdadeira religião. Ele
deixou-lhes bem claro que o sentimento religioso, que é universal, deve ser
centrado apenas no Deus Único e Verdadeiro. Ouçamos o apóstolo:
Senhores
atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e
observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está
inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois esse que adorais sem conhecer é
precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que
nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários
feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma
coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo
mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra,
havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua
habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem
que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e
existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos
geração. Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é
semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do
homem. Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém,
notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto
estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um
varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os
mortos. (At 17.22-31, ARA)
Esse belíssimo
discurso, que em nada fica a dever aos mais celebrados oradores gregos e
latinos, faz um resumo do verdadeiro conhecimento divino e da finalidade da
religião. O apóstolo, sem condenar diretamente a religião da Grécia, mostra
indiretamente a supremacia da religião de Israel que, fundamentada na pessoa de
Cristo, é tão única e verdadeira quanto Verdadeiro e Único é Deus.
Conclui-se,
pois, que o anseio religioso é universal. Não há povo, nação ou raça que viva à
parte de cultos e devoções. Tal anseio, porém, tem de ser carreado a Deus, e
não aos ídolos e aos demônios, pois o Senhor não partilha sua glória com
ninguém.
3. Religião, separação e invenção. Deus
não apenas é o criador da verdadeira religião, mas a verdadeira religião em si.
Toda a nossa adoração, serviço e culto devem ter, como alvo supremo,
glorificar-lhe o nome. Por isso, Ele ordena ao seu povo, Israel, no preâmbulo
dos Dez Mandamentos:
Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da
servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de
escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na
terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto;
porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais
nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço
misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus
mandamentos. (Êx 20.2-5, ARA)
Mas o homem,
descumprindo as ordenanças divinas, inventou, a partir de si e para si, as mais
estúpidas e abomináveis religiões, conforme Paulo escreve aos romanos:
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos
homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode
conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os
atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua
própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso,
indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como
Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios
raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios,
tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso,
Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio
coração, para desonrarem o seu corpo entre si; pois eles mudaram a verdade de
Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é
bendito eternamente. Amém! Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames;
porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por
outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o
contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade,
cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida
punição do seu erro. (Rm 1.18.27, ARA)
Nessa passagem,
Paulo mostra como evoluiu a religião humana. Ao ignorar o Criador, os gentios
puseram-se a adorar a criação. E, de forma abominável, rebaixaram-se a servir à
madeira, à pedra e ao metal. Havia deuses inclusive de ouro, como aquela imensa
estátua erguida por Nabucodonosor. Como um abismo sempre chama outro abismo,
eis que as gentes, principalmente as cananeias, lançaram-se aos atos mais
hediondos. Os adoradores de Baal-Peor despojavam-se na permissividade. Quanto
aos devotos de Moloque, não se conformando em incensar o horrível ídolo com as
práticas mais licenciosas, punham-se a queimar seus filhinhos, a fim de aplacar
a ira daquele deus tão assassino quanto seus adoradores.
II. MITOS SOBRE A RELIGIÃO
Sendo o homem
um ser religioso, vem ele cristalizando, ao longo de sua romaria espiritual,
alguns mitos em torno da religião. Tais mitos, na verdade, não passam de
subterfúgios, que o levam a esconder-se da face divina. Isso significa que,
frente à nossa vocação religiosa, há tão somente duas alternativas: ou adoramos
ao Deus Único e Verdadeiro ou não o adoramos. Se não o adoramos, a quem estamos
cultuando? A nós mesmos ou a Satanás?
1. Mito um: todas as religiões são boas.
Se há tão somente duas religiões, como podemos afirmar que todas as religiões
são boas. Como já dissemos, ou servimos a Deus, ou prestamos cultos a nós
mesmos e a Satanás. Mas partamos do princípio de que todas as religiões são
boas. Vejamos, por exemplo, o caso de Moloque. Em sua adoração, os amonitas
queimavam suas criancinhas (Lv 18.21; Jr 32.35). E, no culto a Baal-Peor,
divindade venerada por midianitas e moabitas, os desregramentos sexuais não
tinham limites (Os 9.10). Em consequência desses cultos vergonhosos, o Senhor
castigou severamente a Israel (Nm 25; Jr 32.35). Vê-se, pois, que nem todas as
religiões são boas.
Levemos em
conta, também, o islamismo que, para expandir-se, apregoa uma guerra tida como
santa. Aos olhos dos radicais, todos os povos, acreditando ou não em suas
narrativas e proposições, têm de se curvar a Maomé. Tal religião não pode ser
boa, pois se impõe pelo terror e pelo medo. Sei que não devo generalizar, mas o
Estado Islâmico é o resultado do livro que, em nenhum momento, declara que Deus
é amor. Aqui, devemos incluir o cristianismo sem Cristo da igreja católica de
Urbano II, que, na recaptura de Jerusalém, derramou muito sangue inocente.
2. Mito dois: todas as religiões levam a
Deus. Com base nos casos mencionados nos tópicos anteriores, como podemos
alegar que todas as religiões levam a Deus? No tempo de Paulo, a civilização
greco-latina dava-se ao culto aos demônios (1 Co 10.20,21). Hoje, não é
diferente. Muitos são os que sacrificam animais e víveres aos ídolos. E, nos
últimos dias, a humanidade adorará a Besta, o Falso Profeta e o Dragão (Ap
13.4). Tais religiões não conduzem o homem a Deus, mas ao Diabo. Não nos
esqueçamos daqueles que, declaradamente, prestam culto a Satanás.
3. Mito três: nenhuma religião é
verdadeira. Conforme já vimos, a Bíblia declara que existe, sim, uma
religião verdadeira que é descrita, por Tiago, como pura e imaculada (Tg 1.27).
Por conseguinte, não podemos nivelar, por baixo, a religião que nos foi
concedida pelo Senhor por meio de seus santos profetas e apóstolos.
A religião
verdadeira é a revelação que Deus fez de si mesmo através das Escrituras
Sagradas, para que o adoremos como o Único e Verdadeiro Senhor, e ao seu
Unigênito, Jesus Cristo, como o nosso Único e Suficiente Salvador. Em sua
oração sacerdotal, o Senhor Jesus descreve a verdadeira religião (Jo 17).
Já não resta
dúvida alguma. Há somente duas religiões: a divina e a não divina. Logo, é a
nossa obrigação pregar a Cristo aos religiosos, mesmo que estes sejam rotulados,
às vezes, de evangélicos.
4. Mito quatro: há muitas religiões. Do
que acima dissemos, concluímos haver apenas duas religiões: a divina e a não
divina. A primeira é descrita por Tiago como sendo pura e imaculada, pois, além
de reconhecer a Deus como o Pai dos que recebem Jesus Cristo, traduz-se por
obras meritórias e boas como evidências de uma fé verdadeira e santa (Tg 1.27).
Por
conseguinte, o apóstolo denota existirem apenas duas religiões: a imaculada e
pura e a impura e maculada. A primeira é a religião dos patriarcas, dos
profetas e dos apóstolos, tendo como fundamento a encarnação, a morte vicária e
a ressurreição do Filho de Deus. Quanto à segunda, é a religião que, tendo como
alicerce a mentira que Satanás contou primeiro a si mesmo e, depois, a nossos
pais, no Éden, vem desdobrando-se em seitas que, rapidamente, ganham foros de
religião.
Diante de nossa
responsabilidade espiritual, enfatizo, existem apenas duas alternativas: ou
adoramos a Deus, que é a religião pura e imaculada; ou adoramos a nós mesmos e
ao Diabo, que é a religião impura e maculada pela mentira, pelo pecado e por
uma rebelião interminável contra o Deus Único e Verdadeiro.
III. COMO EVANGELIZAR OS RELIGIOSOS
Tendo como
exemplo a ação evangelística de Jesus, vejamos como expor o Evangelho aos
religiosos.
1. Não discuta religião. Ao receber
Nicodemos, na calada da noite, o Senhor Jesus não perdeu tempo discutindo os
erros e desacertos do judaísmo daquele tempo. De forma direta e incisiva, falou
àquele príncipe judaico sobre o novo nascimento (Jo 3.3). Sua estratégia foi
certeira. Mais tarde, Nicodemos apresenta-se voluntariamente como discípulo do
Salvador (Jo 7.50; 19.39).
Em vez de
contender com os religiosos, exponhamos-lhes que Cristo é a única solução à
humanidade caída e carente da glória de Deus.
2. Não deprecie religião alguma. Em seu
encontro com a mulher samaritana, Jesus não depreciou a religião de Samaria,
nem sublimou a de Israel, mas ofereceu-lhe prontamente a água da vida (Jo
4.10). A partir da conversão daquela religiosa, houve um grande avivamento na
cidade, repercutindo pentecostalmente em Atos (At 8.5-14).
Se depreciarmos
a religião alheia, não teremos tempo para falar de Cristo, pois a evangelização
exige ações rápidas e efetivas.
3. Mostre a verdadeira religião. Sem
ofender a religiosidade de seus ouvintes, mostre, em Jesus Cristo, a verdadeira
religião. Foi o que Paulo fez em Atenas. Tendo como ponto de partida o altar ao
Deus Desconhecido, anunciou-lhes Cristo como o único caminho que salva o pobre
e miserável pecador (At 17.26-34).
Se agirmos
assim, teremos êxito na evangelização dos católicos, espíritas, judeus,
muçulmanos, ateus e desviados.
IV. ATEU, SIM, GRAÇAS
A DEUS
Como
evangelizar alguém que diz não acreditar em Deus? Antes de tudo, não percamos
tempo em provar-lhe a existência do Criador, pois não há criatura moral que
ignore a presença divina na criação. Por isso, adotaremos os seguintes passos
na evangelização de um ateu.
1. Fale de Cristo, em primeiro lugar. O
problema do ateu não é a descrença na existência de Deus, mas a sua crença em
Jesus Cristo. Via de regra, quem se deixa enganar pelo ateísmo destaca Jesus
como um líder religioso, mas o ignora como o fundamento da verdadeira religião.
Por esse motivo, proclame Jesus, logo de início, como a única esperança que tem
o homem neste mundo. Evite discussões acadêmicas, pois tais esterilidades
jamais levarão o incrédulo aos pés de Cristo.
Se bem
evangelizado, o ateu saberá que está em perigo. Conscientize-o, então, de que a
sua descrença quanto à existência de Deus não o livrará do Juízo Final. Seja
direto e claro na exposição da mensagem da cruz.
2. Veja o ateu como alguém que precisa de
Cristo. Na evangelização de um ateu, temos a tendência de olhá-lo como um
pecador diferenciado, em razão de sua loquacidade. Na verdade, trata-se de um
pecador como os demais. Seu aparente intelectualismo é um verniz tão fino, que
não resiste ao primeiro golpe da espada do Espírito. Mesmo que não venha a
converter-se, a marca do evangelho tornar-se-á indelével em sua alma.
Não nos
preocupemos em fazer-lhe a apologia da existência divina, porquanto o
evangelho, em si, já demonstra cabalmente a realidade de um Deus bom, justo e
amoroso; a verdade quanto ao pecado e à condenação do pecador; a eficácia da
obra de Cristo; e o destino dos que rejeitam o Filho de Deus. Logo, seja
amoroso, mas firme, na exposição da mensagem da cruz.
V. CATÓLICOS, CRISTÃOS À PROCURA DO CRISTIANISMO
Embora
nominalmente cristãos, os católicos acham-se presos à idolatria, ao misticismo
e, boa parte deles, a um perigoso sincretismo. Por isso, em sua evangelização,
não ofenda Maria, nem os santos venerados por eles. Evite apontar a igreja
evangélica como superior à católica. Antes, exponha-lhes Jesus como o caminho,
a verdade e a vida (Jo 14.6; Hb 13.8).
Na
evangelização de um católico, observe os seguintes pontos.
1. Apresente Jesus como o único mediador
entre Deus e os homens. Se soubermos como expor-lhe Jesus como o único
medianeiro entre o pecador e o Deus amoroso, porém justo, nem precisaremos
falar sobre a inutilidade dos ídolos (1 Co 8.4). Mostre-lhe que o Filho é o
único caminho que nos leva ao Pai.
No entanto, se
o seu interlocutor arguir-lhe a respeito da idolatria, não busque uma resposta
socialmente correta; seja verdadeiro. No ato da evangelização, a verdade é o
diferencial entre a salvação e a perdição de uma alma.
2. Não fale mal de Maria, mãe de Jesus.
Por mais de quatrocentos anos, Maria foi vista pelos cristãos como a Bíblia
no-la apresenta: serva de Deus e mãe de Jesus Cristo. Fugindo à divinização,
ela se confessa necessitada do Salvador, que trazia no ventre (Lc 1.46-56). Por
ela, Jesus também morreu. Portanto, se lhe fôssemos escrever a biografia,
usaríamos apenas nove palavras: Maria foi a cristã mais exemplar da História
Sagrada.
A partir do
quinto século, a imperatriz consorte do Império Romano do Oriente dá início ao
culto mariolátrico, que viria comprometer a teologia de boa parte da
cristandade. Élia Pulquéria muito se empenhou para que Maria fosse reconhecida
como Theotokos.
Em grego, a expressão significa mãe de Deus. Por meio desse subterfúgio,
guindava-se Maria a uma posição superior a do próprio Deus.
Desde então, o
culto de Maria toma conta da igreja católica e até do islamismo. Aliás, Maria é
mais citada no Corão do que em o Novo Testamento. Por esse motivo, na
evangelização de um católico, não ofenda a mãe de Jesus que, por sinal, foi
salva como também o fomos. Antes mostre o Filho de Maria como o único mediador
entre Deus e os homens. Para os católicos, Maria é mãe; para nós, uma irmã em
Cristo que, no arrebatamento da Igreja, experimentará os poderes da
ressurreição.
3. Não apresente a igreja evangélica como
superior à católica. Lembre-se, não estamos promovendo uma guerra
religiosa, mas falando do amor de Cristo a um grupo que, embora se declare
cristão, está longe do verdadeiro Cristo. Por isso mesmo, não mostre a igreja
evangélica como se fora superior à católica. Mas não deixe de convidar os
adeptos do romanismo a visitar a sua igreja.
VI. ESPIRITAS, A ETERNIDADE PRESA NO TEMPO
Na
evangelização dos espíritas e dos adeptos dos cultos afros, não os ofenda,
dizendo que tais religiões são demoníacas e inspiradas por Satanás. Mas, com
amor e sabedoria, convença-os, pela Bíblia, de que aos homens está ordenado
morrerem uma única vez, e que o sacrifício de Jesus Cristo é suficiente para
levar-nos ao Pai (Hb 9.27; 1 Pe 3.18). Considere, ainda, estes pontos:
1. Valorize a fé, mas não desqualifique as
boas obras. O espiritismo notabiliza-se por entidades filantrópicas por
todo o Brasil. Por isso, quando formos evangelizar um de seus adeptos, sejamos
prudentes ao falar-lhe sobre a salvação pela fé. Mostre-lhe que as obras, em
si, são insuficientes para salvar-nos. Acrescente, porém, que, pela fé em Jesus
Cristo, fomos chamados às boas obras, pois estas evidenciam a confiança que
depositamos em Deus.
Evite
discussões e contendas, pois estas nos afastam de nosso verdadeiro alvo: levar
o evangelho de Cristo a todos, em todo tempo e lugar, por todos os meios.
2. Não ofenda as religiões espíritas e
africanas. Todos sabemos que tanto o espiritismo quanto os cultos afros não
provém de Deus. Seus adeptos, porém, não o sabem. Por isso, não devemos
desmerecer-lhes as crenças, dizendo que eles servem aos demônios. Se formos
habilidosos na exposição da Palavra Deus, eles não demorarão a concluir o
óbvio.
3. Não tenha medo dos espíritas e dos
adeptos dos cultos afros. Há crentes que, apesar de já haverem
experimentado os poderes do mundo vindouro, ainda demonstram um pavor
injustificado quanto às práticas espíritas e aos cultos afros. Tal medo, porém,
impede-nos de evangelizar os discípulos de Alan Kardec e os herdeiros da
mitologia africana que, em nosso país, espalham-se de norte a sul. Por esse
motivo, deixemos de lado esses temores, e, com amor e prudência, falemos de
Cristo a todos, sem marginalizar este ou aquele grupo.
Respeitosamente,
mas de maneira clara, objetiva e bíblica, levemos a mensagem da cruz a esses
grupos religiosos que, supondo adorarem a Deus, afastam-se cada vez mais do
Amado Senhor.
VII. MUÇULMANOS, UMA SEITA
QUE SE FEZ RELIGIÃO
Aquele
meteorito poderia ter caído na Pérsia, no Japão ou em Jacarepaguá, onde moro.
Ironicamente, veio a chocar-se no chão extremoso e quente de Meca. O evento
causou muita estranheza e temor. Aturdidos, indagavam os filhos de Ismael: “O
que é isso? Um mimo dos deuses? Mas de qual deles?”. Pois, na cidade, sobravam
deuses e faltava gente. Ao todo, 360. Um para cada dia do ano lunar. Havia
inclusive um altar a Al-Ilah, o Deus Desconhecido dos árabes.
Como ninguém
sabia de qual deus proviera a tal rocha, se deste, se daquele, os moradores de
Meca houveram por bem venerar a todos. Em redor do sidéreo, ergueram um nicho
para cada um de seus deuses. Imaginavam eles que, desse jeito, não haveria
ciúme, nem desavença no panteão. Parece que o arranjo deu certo.
1. A displicência cristã ante o fenômeno
muçulmano. Os cristãos de Meca nenhuma importância deram ao fenômeno.
Afinal, não era a primeira vez que um meteorito despencava do céu. Se houvesse,
porém, algum discernimento entre aqueles crentes, todo o sistema idolátrico de
Meca teria vindo ao chão. Infelizmente, tinham eles outras prioridades.
Se os leigos
nada fizeram, onde estavam os teólogos? Enquanto os árabes definiam-se
religiosamente, os doutores da igreja ainda se achavam indefinidos quanto à
natureza de Cristo. Atentemos a um fato curioso e prosaico. Foi entre os dois
concílios eclesiásticos, que tiveram por sede a capital do Império Bizantino,
que o Islã foi semeado, florescendo rapidamente pelo Oriente Médio, até
frutificar às portas de Bizâncio.
2. O descaso dos concílios. No Segundo
Concílio de Constantinopla, reunido em 553, os teólogos mais destacados da
Igreja condenaram a doutrina de Orígenes e os escritos de Nestório. Só não
condenaram a própria inércia. Virgílio, apesar de sua proeminência, nenhuma
atenção deu à evangelização daqueles gentios. Ele bem que poderia ter sugerido
o envio de missionários à Península Arábica. E, dessa forma, evitar que o Islã
achasse um berço tão promissor. Maomé ainda não era nascido; a religiosidade de
Ismael, porém, já havia sido dada à luz.
Passados 127
anos, os chefes da Igreja voltam a reunir-se em Constantinopla. A essas
alturas, o islamismo já fronteirava a sé cristã do Oriente. Mais uma vez,
nenhuma menção é feita ao novo e incontrolável fenômeno religioso. A impressão
que se tem é que aqueles teólogos, apesar de sua proverbial erudição, viviam à
margem da história. Solenemente congregados, limitaram-se a dogmatizar as duas
naturezas de Cristo, e a condenar o monotelismo. Que a medida fosse urgente,
não se discute. Discutível era a sua postura missionária, pois a verdadeira
teologia sempre resulta na salvação de almas.
Agatão, a
figura de proa desse concílio, nada fez para evangelizar os árabes. Antes,
desperdiçou o seu pontificado em amenidades. Aparou as farpas do clero inglês,
elevou o bispado da Irlanda, fortaleceu o papado, entre outras fatuidades. O
Taumaturgo, como era conhecido, pouca importância deu à obra missionária.
3. A expansão do Islã. Se os teólogos
cristãos ainda se debatiam quanto à dupla natureza de Cristo, os árabes já não
tinham qualquer dúvida sobre os dogmas do Islã. Para eles, Maomé já era um
profeta maior que Jesus. Dessa forma, o meteorito, que poderia ter servido de
contato para se apregoar o evangelho às tribos ismaelitas, converteu-se numa
pedra de tropeço para o cristianismo.
De Meca, o
astuto Maomé arrancou os nichos de todos os deuses, inclusive do Deus
desconhecido. Jeitosamente, plasmou Al-Ilah à sua imagem e semelhança,
dando-lhe a alcunha de Alá. Quanto ao meteorito, em vez de ir parar num museu
de história natural, ei-lo na Kaabah, o maior centro da peregrinação islâmica.
Em Atenas,
deparara-se Paulo com uma situação semelhante. Havia, ali, um retiro para cada
divindade do Olimpo e um altar consagrado ao Deus Desconhecido. A partir desse
elo, o apóstolo acorrenta os gregos com o evangelho de Cristo. Nem os filósofos
deixaram de ouvir a proclamação da Palavra de Deus. Paulo soube como fazer
teologia entre os que se agarravam à mitologia.
4. A dormência da academia evangélica.
O que muitos acadêmicos evangélicos fazem, hoje, não é a teologia salvadora.
Reúnem-se para discutir temas periféricos, que nenhuma edificação trazem. O
problema agrava-se quando se ajuntam, a fim de realçar suas posições
doutrinárias. Nesses encontros, que mais parecem uma Babel e em nada lembram o
Cenáculo, os evangelistas não têm vez, nem voz. Enquanto isso, as forças do mal
vão a galope conquistando terrenos que antes pertenciam à Igreja de Cristo.
Conta-se que,
enquanto os comunistas tomavam a Rússia, o clero ortodoxo discutia a
indumentária de seus padres. Entretidos, não oraram pela nação, não expuseram o
evangelho, nem se congregaram em vigília. Veio, então, o comunismo, levando
muitos padres, rabinos e pastores à morte. Diante do martírio, viram-se eles
constrangidos a reconhecer a veleidade de seus concílios.
5. O triste exemplo de Bizâncio. Não
podemos agir como Bizâncio. Em suas digressões teológicas, veio a ignorar as
almas que, diariamente, despencavam no inferno. Para o clero bizantino, a
mensagem da cruz nenhum valor tinha. O resultado não poderia ter sido mais
trágico. No ano de 1453, os turcos otomanos, empunhando a bandeira do Islã,
entram em Constantinopla e subjugam a cidade que abrigara concelhos, mas que já
não tinha conselho algum aos fiéis. Hoje, as paredes da Igreja de Santa Sofia
expõem a vaidade de um clero que, diante do clamor do mundo, ainda se
digladiava quanto à cristologia simples, porém eficaz do Novo Testamento. Sim,
algo tão singelo que qualquer criança da Escola Dominical define com mestria e
largueza.
Quando não
pregamos, as pedras clamam. E, às vezes, de forma violenta.
6. Cristo aos refugiados muçulmanos.
Enquanto escrevo estas linhas (22 de março de 2016), recebo a notícia de que a
Europa acaba de sofrer mais um ataque do Estado Islâmico. Segundo as últimas
notícias, homens-bombas explodiram-se no aeroporto de Bruxelas, matando e
ferindo indistintamente adultos e crianças.
Ao mesmo tempo,
continuam a chegar, aos países europeus, refugiados da Síria, do Iraque, do
Paquistão e da Líbia. São milhares de pessoas despojadas de sua nacionalidade,
cultura, língua e lar. E, como a maioria delas é muçulmana, passam a ser vistas
com suspeição onde, depois de muito esperar, talvez encontrem algum refúgio.
No Brasil,
principalmente em São Paulo, o número de refugiados muçulmanos não é pequeno.
Por isso, temos de vê-los como um campo missionário que veio até nós. Se
agirmos com amor e oportunidade, haveremos de ganhar muitos desses exilados
para Cristo. E, mais tarde, voltarão eles aos seus países de origem como
missionários. O momento não pode ser desperdiçado. Os muçulmanos necessitam
tanto de Cristo como os religiosos de outros grupos e etnias.
VIII. EVANGÉLICOS
SEM O EVANGELHO DE CRISTO
É chegado o
momento de evangelizarmos um grupo que, embora se identifique como evangélico,
acha-se, por um lado, distanciado do evangelho; e, por outro, distante do
verdadeiro evangelho. Refiro-me aos desviados, aos desigrejados e aos que
frequentam a maioria das igrejas que, de evangélicas, têm apenas o rótulo.
1. Desviados, ovelhas que se desgarram de
seu pastor. Boa parte dos evangélicos que, pejorativamente, chamamos de
desviados, jamais foram integrados plenamente à igreja visível. No ato de sua
conversão, foram recebidos imediatamente pela Igreja Invisível. E, invisíveis,
permaneceram entre nós à espera de uma inclusão que não veio. Por isso, deixaram
o “nosso rebanho”, a fim de se agregarem a outros apriscos.
Sim, já é hora
de buscarmos a centésima ovelha que, a essas alturas, já deve ser a
milionésima, pois, todos os dias, milhares de preciosas almas deixam nossos
redis, e não o percebemos. Cristo as ganha; nós as perdemos.
2. Desigrejados, ovelhas que não querem um
pastor. Cresce o número de evangélicos que, apesar de amarem a Cristo,
vieram a desamar a igreja local. São pessoas que se decepcionaram com o lado
visível do povo de Deus. Não é fácil contatá-las, nem trazê-las de volta ao
redil. Todavia, não podemos deixá-las sem o calor de nossa comunhão, pois, com
o tempo, esfriar-se-ão na fé.
Dediquemos
atenção e tempo a essas ovelhas que, amando o Bom Pastor, ainda não aprenderam
a amar-lhe o rebanho. Se as convidarmos a estar conosco, em breve hão de
desfrutar de nossa afeição. Não será difícil encontrá-las; seus nomes acham-se
nos róis de nossas igrejas.
3. Evangélicos sem o evangelho, ovelhas sem
pastor. As igrejas evangélicas midiáticas acabaram por gerar um tipo de
crente vazio de Cristo, mas cheio de fórmulas mágicas. Doutrinado a contribuir
em busca de um favor divino, apega-se ao terreno, como se a sua vida fora
perpetuar-se no tempo, sem nenhuma perspectiva da eternidade.
Desprovidos do
evangelho, os tais evangélicos são tão idólatras quanto os católicos. Se estes
têm os seus santos, aqueles santificam de tal forma os seus estimados e
infalíveis líderes, que os colocam acima do próprio Deus. Sem esboçar a mínima
reação, são submetidos a uma lavagem cerebral que, num primeiro momento,
despoja-os de seus bens; num segundo, de sua vontade; e, num terceiro, da
própria alma. Além dessa idolatria, essas ovelhinhas são sincréticas em sua boa
fé. Em vez de atuarem como o sal da terra, contentam-se elas com o sal grosso
vendido a preço de ouro.
Recuando às
práticas mais trevosas e medievais, os evangélicos nominais praticam uma fé
alicerçada em fórmulas mágicas, relíquias e indulgências. Para eles, a fé não é
apenas um ópio, mas uma droga que os mantém afastados da realidade divina e
alienados quanto à verdadeira fé.
É hora de
evangelizarmos os que, dizendo-se crentes, ainda não creem como devem crer;
identificando-se como salvos, ainda não experimentaram a alegria da salvação em
Cristo; presumindo-se nascidos de novo, sequer foram gerados pelo Espírito; e,
achando-se pentecostais, perdem-se num perigoso e nefasto misticismo. A esses,
pois, apregoemos que Jesus, e tão somente Jesus, salva, batiza com o Espírito
Santo, cura as enfermidades e que, em breve, há de voltar para levar-nos a
estar com Ele para sempre.
Conclusão
Aproveitemos,
pois, as oportunidades. Anunciemos a Cristo a tempo e fora de tempo. Ao nosso
redor, há muitos pontos de contato que podem ser aproveitados para falarmos do
amor de Deus ao vizinho, ao colega de trabalho, ao companheiro de estudos e ao
transeunte que, atribulado e sem direção, perambula por nossas ruas.
Se proclamarmos
o evangelho conforme o Senhor nos ordena, em breve alcançaremos os confins da
Terra com a mensagem de salvação. Cristo, a Rocha Eterna que desceu do céu para
fazer-nos subir ao Pai.
Deixemos bem
claro, principalmente aos que se dizem religiosos, que somente o Senhor Jesus,
o autor e fundamento da verdadeira religião, é que pode salvar-nos da perdição
eterna.
Autor:
Claudionor de Andrade
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