Introdução
Alguém afirmou,
certa vez, que a Igreja de Cristo não é um clube de iates, mas uma frota de
pesqueiros. O autor anônimo, de maneira sutil e delicada, deixa bem claro que a
principal tarefa da Igreja é a evangelização. Na entrelinha de sua assertiva,
deixa ele bem patente que a Igreja, por sua natureza e vocação, é a agência por
excelência de evangelismo e missões. Se não evangeliza, deixa de ser um
organismo divino para apequenar-se numa organização humana falida e já em vias
de apagar-se.
Neste capítulo,
realçaremos a Igreja que se faz conhecida pelo evangelho que proclama, pela
doutrina que ensina e pelo discipulado que emprega na formação de novos
crentes. Que Deus nos abençoe na observância dos mandamentos do Senhor Jesus
quanto à evangelização do mundo.
I. IGREJA, COMUNIDADE DE PROCLAMAÇÃO
O mártir alemão
Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) declarou que a Igreja é Cristo existindo em
comunidade. Todavia, Jesus não almeja apenas existir entre nós, mas atuar por
meio de nós. É para isso que Ele instituiu a sua igreja.
1. Igreja, definição que desafia. A
Igreja já foi definida como uma assembleia dos que foram chamados para fora. Se
aceitarmos essa definição, veremos que a etimologia do termo grego ekklêsia
é bastante emblemática. Nesse vocábulo, temos duas palavras distintas: ek, que
significa “de” ou “para fora”, e kaleõ, que traz o significado de ser chamado, ou
convocado.
Nesse sentido,
a ekklêsia
grega era a assembleia de cidadãos intimados para fora de suas casas, a fim de
tratar de algum assunto de interesse público. Tendo em vista a natureza e a
missão da “igreja” grega, aprouve ao Senhor Jesus usar o mesmo termo para
nomear a sua universal assembleia de homens e mulheres provenientes de todas as
nações.
2. Igreja, um organismo peculiar. Ao
ouvir a declaração de Pedro, sobre a qual fundou a sua Igreja, Jesus poderia
ter dito: “Sobre esta pedra, fundarei a minha sinagoga”. Mas, se o fizesse,
estaria limitando a atuação de seus discípulos, pois os judeus, numa cidade
gentia, não eram chamados para fora, mas convocados para dentro. E, ali, na
sinagoga, congregavam-se, a fim de adorar o Deus da nação de Israel, e não para
anunciar o Deus de todos os povos. Além do mais, para se formar uma congregação
israelita eram necessários nove homens adultos.
O Senhor, porém,
simplificou o estabelecimento da Igreja. Agora, não é mais imperioso que se
reúna uma novena de varões. Bastam duas pessoas congregarem-se sob a invocação
de Cristo, para que Ele se manifeste entre elas e, por intermédio delas, aja
salvadoramente (Mt 18.20). Um único santo não constitui uma igreja, mas um
testemunho. Mas dois ou três, invocando o nome do Senhor, perfazem um número
suficiente para que se tenha uma comunidade proclamadora.
A Igreja de
Cristo é superior à assembleia grega e mais sublime que a sinagoga judaica.
Ela, por ser Igreja e pertencer a Cristo, jamais deixará de ser um organismo,
ao passo que estas nunca hão de transcender os limites da organização.
3. A Igreja sempre será chamada para fora.
Ainda que a etimologia da palavra “igreja” seja, às vezes, questionada, os
discípulos de Cristo sempre serão chamados para fora, a fim de proclamar o
evangelho. Nosso testemunho, portanto, não ficará emparedado, nem aprisionado
pela burocracia eclesiástica. Se somos Igreja, agiremos como Igreja. Sairemos a
evangelizar e a fazer discípulos até a fronteira final deste globo.
A Igreja, em
virtude de sua natureza, não se deixa aprisionar por uma agenda que não tenha a
evangelização como a prioridade máxima. Evocamos, aqui, o exemplo das
Assembleias de Deus. Embora não houvesse ainda nascido oficialmente, apregoava
o novo nascimento sem impedimento algum. Naqueles idos, o campo era um mundo
sem fronteiras. Todos os que se convertiam eram chamados para fora, apregoando
que Jesus salva, batiza com o Espírito Santo e cura os males do corpo. A chama
pentecostal ardia continuamente.
Há uma
diferença substancial entre a chamada de Israel e a da Igreja. No Antigo
Testamento, os israelitas partiam dos extremos de Israel, para adorar em
Jerusalém. Assim também agiam os prosélitos. Haja vista a rainha de Sabá e o
eunuco de Candace, soberana dos etíopes. O Senhor Jesus, contudo, ao
estabelecer a Igreja, não tinha como alvo atrair ninguém à Cidade Santa. Mas, a
partir de Jerusalém, tinha como alvo a conquista do mundo através de seus
discípulos. A missão de Israel, portanto, era centrípeta; atraía a todos ao
centro judaico de adoração, que tinha como emblema o Santo Templo. Quanto à
missão da Igreja, é fortemente centrífuga; desde Jerusalém, pôs-se a proclamar
o evangelho até às fronteiras mais extremas da Terra.
II. A IGREJA DE CRISTO E O CRISTO DA IGREJA
João Calvino
(1509-1564), ao discorrer sobre a natureza da Igreja, foi preciso e coerente:
“Onde quer que vejamos a Palavra de Deus pregada e ouvida com pureza, ali existe
uma igreja de Deus, mesmo que ela esteja repleta de falhas”. Portanto, não há o
que se discutir. A Igreja de Cristo subsiste pela proclamação do evangelho de
Cristo e pelo ensino da doutrina dos profetas e dos apóstolos.
1. Sua natureza proclamadora. Cristo
estabeleceu a Igreja em cima de uma proclamação breve, mas profundamente
teológica e profética. Ao indagar de seus discípulos acerca da opinião de
Israel quanto à sua pessoa, ouviu de Pedro a maior declaração que alguém
poderia fazer sobre o seu messiado: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt
16.16). Tal afirmação, embora sucinta, era tão forte e marcante, que somente
alguém inspirado pelo Espírito Santo poderia emiti-la. Foi o que reconheceu o
próprio Senhor: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e
sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17).
Em seguida, o
Senhor revela aos discípulos que, sobre a assertiva de Pedro, fundaria Ele a
sua Igreja. Portanto, o alicerce da assembleia do Novo Testamento é uma declaração
que, em nove palavras, revela a essência dos profetas que, desde Moisés,
profetizaram até Malaquias. Ora, se a natureza da Igreja de Cristo é a
proclamação, ela haverá de peregrinar de proclamação em proclamação até que o
Senhor a venha buscar.
2. Sua missão proclamadora. Se a igreja
evangeliza e faz missões, é verdadeira. Mas se vive pela liturgia, não passa de
uma casa de espetáculos. As igrejas católicas e orientais são ostensivas e
doentiamente formais. Algumas missas ortodoxas chegam a durar três horas. Se
espremermos, porém, todos esses missais, cânones e rubricismos, não lograremos
uma única gota do verdadeiro evangelho. Infelizmente, os evangélicos, apesar de
suas reuniões vivazes e barulhentas, estão caindo no mesmo pecado. A formalidade
também se manifesta informalmente. Qualquer culto, portanto, que não cultue
verdadeiramente a Deus, é formalismo, ainda que traga um ostensivo rótulo
carismático.
João Wesley
(1703-1791), após a sua experiência pentecostal, começou a ter uma visão mais
bíblica sobre a tarefa do corpo de Cristo: “A Igreja nada tem a fazer, a não
ser salvar almas. Portanto, deve gastar e ser gasta nesta obra. Não lhe é
requerido falar tantas vezes, mas salvar tantas almas quanto puder, levar ao
arrependimento tantos pecadores quanto possível”. O evangelista inglês diz-nos,
entre outras coisas, que a evangelização tem de voltar a ser a nossa primazia.
Caso contrário, jamais seremos reconhecidos como discípulos daquEle que,
durante todo o seu ministério, outra coisa não fez senão proclamar a Palavra de
Deus com a vida e por meio da própria morte.
III. O CRISTO DA IGREJA E A IGREJA DO CRISTO
Na região da
Galácia, havia uma atividade evangelizadora tão intensa, que chegava a ser
febricitante. Todavia, o evangelho de Cristo era ignorado e o Cristo do
evangelho era desprezado por aqueles obreiros de Satanás. Portanto, não basta
falar de Cristo. É urgente que voltemos a proclamar o Cristo do Novo
Testamento.
1. Cristo, o Filho de Deus. A primeira
grande verdade proclamada sobre Jesus, em o Novo Testamento, é que Ele é o
Filho do Deus Vivo (Mt 16.16). Se pregarmos um Cristo que não procede de Deus,
jamais convenceremos o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Por esse motivo,
o Senhor ordena que os convertidos sejam batizados em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo (Mt 28.19).
Recentemente,
li o Corão, o livro tido como sagrado pelos muçulmanos. Naquelas longas e, às
vezes, repetitivas suratas, Jesus é citado amiúde. Apesar do respeito com que
Ele é tratado pelo fundador do Islamismo, é difícil ver, naquelas descrições, o
Cristo de Deus. Antes de tudo, porque, em nenhum lugar, Ele é considerado o
Filho de Deus. Mas, sempre que Maomé cita-o, faz questão de ressaltar-lhe a
filiação mariana. Dessa forma, o Corão apresenta o Filho de Deus como filho de
Maria. Aos olhos de Maomé, Jesus foi o mais puro dos muçulmanos. Todavia, o
Cristo maometano jamais libertará o homem das garras de Satanás.
Cabe-nos
evocar, aqui, o belíssimo pronunciamento de C. S. Lewis acerca do messiado de
Jesus Cristo:
Um homem que
fosse só homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um grande mestre
de moral. Seria um lunático no mesmo nível de um homem que diz ser um ovo
cozido ou então seria o próprio diabo. Cada um de nós precisa tomar a sua
decisão. Ou este homem era, e é, o Filho de Deus, ou então um louco, ou algo
pior. Mas não venhamos com nenhum argumento complacente que diga que ele foi um
grande mestre humano. Ele não nos deu esta escolha. Nunca pretendeu fazê-lo.
Concluindo, o
primeiro tópico de nosso sermão evangelístico tem de apresentar, obrigatoriamente,
a filiação divina de Jesus Cristo. Se não o apresentarmos como Filho de Deus,
poderemos até apresentar uma bela peça de oratória, mas jamais uma autêntica
pregação evangélica.
2. Cristo, o Crucificado de Deus. Se
Jesus não passou de um mero pensador como Sócrates, que efeito tem a sua morte
sobre a nossa eternidade? Ao considerar a questão, respondeu Jean Jacques
Rousseau (1712-1778): “Se a vida e a morte de Sócrates são as de um filósofo, a
vida e morte de Jesus Cristo são as de um Deus”. O sábio suíço não careceu
cursar teologia para chegar a uma conclusão tão óbvia e certeira. Há teólogos,
porém, que, apesar de sua erudição, ainda não atinaram que Jesus morreu como
Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus. Por conseguinte, o segundo tópico de nossa
mensagem evangelística é apresentar Jesus Cristo como o Crucificado de Deus.
Ao dirigir-se à
intelectual Corinto, apresentou Paulo uma mensagem simples, mas eficaz. Se os
coríntios aguardavam um discurso semelhante ao de Demóstenes, decepcionaram-se,
pois o Doutor dos Gentios, entre eles, tratou de um único assunto, como ele faz
questão de frisar:
E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de
Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me
propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive
convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha
pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em
demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. (1 Co 2.15)
Embora o
apóstolo fosse um dos maiores acadêmicos de seu tempo, não se deixou aprisionar
pela filosofia, mas transcendeu Platão e Aristóteles. Sua mensagem não se
resumia a uma mera peça de oratória. Quando se punha a falar de Cristo,
encenava o drama do Calvário de tal forma, que seus ouvintes tinham a impressão
de estar ao pé da cruz. Foi o que ele, tomado por uma ira santa e
compreensível, declarou aos gálatas que estavam prestes a apostatar da fé: “Ó
insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós,
perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado?”
(Gl 3.1).
A Igreja tem de
encenar, tanto para si mesma quanto para o mundo, o drama do Calvário. A
palavra usada pelo apóstolo, para descrever como ele pregara a crucificação de
Cristo aos gálatas, não era desconhecida do teatro grego. O vocábulo prographõ
significa pintar, ou retratar vivamente, uma cena perante olhos exigentes e
críticos. Paulo jamais foi infiel ao proclamar a mensagem da cruz. Ele não era
um ator, mas sabia como representar a obra de Cristo ante um mundo que jaz no
maligno.
3. Cristo, o Ressurreto de Deus. Se
proclamarmos a morte de Jesus, mas lhe omitirmos a ressurreição, nossa pregação
será incompleta. Quando os apóstolos reuniram-se, antes do Pentecostes, para
escolher o substituto de Judas Iscariotes, fizeram questão de frisar que teria
de ser alguém apto a testemunhar a ressurreição do Filho de Deus (At 1.22). A
escolha, como sabemos, recaiu sobre Matias que, a partir daquele momento, tinha
como tarefa prioritária anunciar a Israel e ao mundo que Jesus, de fato,
erguera-se de entre os mortos.
Urge, pois, que
a Igreja volte à pregação completa do evangelho. O pecador tem de saber que
Jesus não ficou preso à cruz, nem detido no sepulcro, mas que, no terceiro dia,
ressurgiu com poder e glória. Parece que os crentes de Corinto não estavam bem
seguros quanto à ressurreição de Cristo. Por isso, interveio Paulo,
afirmando-lhes com toda a energia de seu apostolado:
Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, como dizem alguns
dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de
mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã
a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (1 Co 15.12-14)
Que cada
pecador saiba que Jesus morreu, ressuscitou e acha-se vivo, intervindo no mundo
e governando a sua Igreja, por meio do Espírito Santo.
4. O Cristo que intervém. Na Declaração
de Cesareia, Pedro foi inspirado a afirmar que Jesus é o Filho do Deus Vivo (Mt
16.16). Nessa curta, mas profunda assertiva, vemos um Deus que não se esconde
em sua transcendência, mas se revela, amorosamente, em sua imanência. Por isso,
o Pai intervém na história do universo por meio do Filho.
Quando pregamos
que Jesus, além de ressuscitar, acha-se no governo de todas as coisas,
tiramo-lo do panteão onde jazem os fundadores de religiões e seitas, para
entronizá-lo como o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 19.16). Ele não é um
entre outros fundadores de religiões, mas o fundamento da religião única e
verdadeira. Maomé, por exemplo, em que pese o dogma de sua ascensão, jaz no
sepulcro e lá permanecerá até o Juízo Final. Cristo, porém, ressurgiu da morte.
Por essa razão, declarou:
É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas
as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt 28.18)
Quando a Igreja
apregoa o Cristo Vivo, serenamo-nos, pois sabemos que Ele está no controle do
universo, da História e de nossa vida. Afinal, somente aquEle que vive para
todo o sempre pode tornar-se o Deus conosco.
5. Cristo, o Deus pessoal. Ao anunciar
a conceição virginal de Maria, o profeta Isaías deixa transparecer que o Filho,
à semelhança do Pai, será um Deus pessoal: “Eis que a virgem conceberá e dará à
luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é:
Deus conosco)” (Mt 1.23). Semelhante detalhe não pode faltar à mensagem
evangelística da Igreja de Cristo. Os que suspiram por um encontro pessoal com
o Pai Celeste não podem ver o Filho apenas como uma figura histórica e
distante. como se Ele, o Divino Emanuel, não passasse de um mero acervo
museológico. Que Ele existiu, não há dúvida. Maomé e Buda também existiram, mas
são incapazes de transformar vidas. Que em cada proclamação, pois, mostremos
que Jesus, além de estar vivo, almeja firmar um relacionamento pessoal,
profundo e íntimo com cada um de seus filhos.
Mas em
determinados círculos acadêmicos, o Salvador acha-se tão distante dos perdidos,
que ninguém mais logra encontrá-lo em meio às monografias, teses e ensaios. Não
me refiro apenas à erudição secular. Infelizmente, a que lida com o texto
sagrado acha-se também a debater no terreno movediço da incerteza e da
incredulidade. Por isso, não nos curvemos, acriticamente, à crítica textual.
Diante do aparato crítico de algumas edições da Bíblia Sagrada, indaga o
miserável pecador: “Afinal, Jesus fala ou não a minha língua?”. Não nos
esqueçamos de que a erudição é serva do evangelho e escrava da Palavra de Deus.
Sua tarefa é transmitir, de geração em geração, os oráculos divinos em sua
pureza e integridade. Ela tem de estar ao pé da cruz, e não encimando a cabeça
do Cordeiro de Deus.
Que o pecador
saiba que Jesus não é apenas o Deus conosco, mas também o Deus comigo e o Deus
contigo. Ele é tão pessoal que podemos adorá-lo com todo o nosso ser, pois a
sua presença permeia-nos o corpo, a alma e o espírito.
IV. IGREJA, A MESTRA DA PALAVRA
Entre outras
símiles, Paulo destaca a Igreja de Cristo como a coluna e o baluarte da verdade
(1 Tm 3.15). Tal comparação revela a natureza do corpo de Cristo, cuja missão é
pregar o evangelho, ensinar os desígnios divinos e atuar como a voz profética
de Deus.
1. A pregação do evangelho. A Igreja de
Cristo, como já vimos, foi constituída, a fim de proclamar o evangelho a todos,
em todo tempo e lugar, por todos os meios. O que universaliza uma igreja,
portanto, não é o seu título, nem as suas pretensões, mas a sua atividade
evangelística e missionária. Se nos fecharmos, como poderemos alcançar os
confins da Terra? Mas, se nos abrirmos localmente, universalmente cumpriremos a
tarefa que nos confiou o Senhor da Seara.
A Igreja sempre
será chamada para fora, para apregoar a Palavra de Deus. Toda vez que isso
ocorre, fazemo-nos luz do mundo e sal da terra. Num primeiro momento,
iluminamos as trevas com a exposição da verdade divina. Em seguida, preservamos
os tecidos sociais mais comprometidos, proclamando a vontade de Deus
profeticamente. Portanto, quem ganha almas muda a sociedade, transforma a
cultura e dissemina a ética cristã.
2. O ensino da Palavra. A academia não
pode substituir a Igreja no ensino da Palavra de Deus, nem na produção
teológica. Toda vez que isso ocorre, uma nova heresia nasce, uma verdade é
distorcida e uma congregação local é destruída. Não quero, aqui, estabelecer
uma relação dualista entre o ministério cristão e a academia.
Se a academia é
cristã, não se afastará da Igreja, nem há de se arvorar contra o ministério
eclesiástico. Por que um dualismo entre ambas? Portanto, assim como não devemos
separar a vida pública da particular, também não podemos separar as atividades
intelectuais das espirituais, pois o Espírito Santo quer santificar-nos por
inteiro: “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma
e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo” (1 Ts 5.23, ARA).
A verdadeira
teologia é produzida no âmbito da Igreja, pois os dons ministeriais são
concedidos ao seu ministério, e não à academia, conforme ressalta o apóstolo:
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho
de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo. (Ef
4.11-13)
A Igreja de
Cristo, pois, acha-se devidamente aparelhada, pelo Espírito de Deus, para
ensinar a verdadeira doutrina e produzir a melhor teologia. Ela precisa de seus
acadêmicos, mas estes não devem prescindir da comunhão dos santos. Além do
mais, a teologia que produzimos só terá algum valor diante de Deus se
frutificar na salvação de almas, na edificação da Igreja e no fortalecimento da
voz profética da Bíblia Sagrada.
Conclusão
Sendo a Igreja
de Cristo a coluna e o baluarte da verdade, não haverá de imiscuir-se com o
poder secular, pois o seu Reino é eterno. Isso não significa, porém, que
devemos ignorar o mundo, porquanto nele vivemos.
Todavia, jamais
nos conformaremos com o seu sistema. Nossa missão é transformá-lo pela
proclamação do evangelho de Cristo. Quanto mais falarmos de Cristo à nossa
geração, mais faremos ouvir a voz de Deus.
Por meio da
proclamação evangélica, mostraremos a todos que Jesus Cristo é a única
esperança para a nossa geração. Evangelizar é a missão mais importante da
Igreja.
Autor:
Claudionor de Andrade
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