O escocês
Thomas Carlyle (1795-1881), escritor, historiador, ensaísta e professor, foi um
homem de muito sucesso, tendo influenciado sobremaneira sua geração com suas
ideias. Ele é o autor das seguintes frases: “O grande homem demonstra a sua
grandeza com a maneira pela qual trata os pequenos” e “Diga a uma pessoa que
ela é corajosa, e você a ajuda a se tornar assim”, dentre muitas outras. Ele
também ensinava que “um dos principais deveres do homem é cultivar a amizade
dos livros”. Essa amizade com os livros e os seus muitos compromissos
profissionais certamente o fizeram esquecer as necessidades de sua esposa Jane
Welsh (1801-1866), a qual adoeceu e, de maneira repentina, veio a óbito. Jane
cuidava muito bem de Carlyle, colaborando incansavelmente no trabalho do
marido.
Em sua
biografia, Thomas Carlyle conta que, depois do funeral da esposa, caminhou para
o quarto de sua amada e lá, ao ler o diário que ela deixara, encontrou várias
alusões sobre o cotidiano com o marido. Um dia, ela escreveu: “Ontem, ele gastou
uma hora comigo, e foi como o céu. Eu o amo tanto”. Noutra página, estava
escrito: “Eu fiquei esperando o dia todo para ouvir os passos dele no corredor,
mas agora é tarde. Acho que ele não virá hoje”.
Thomas Carlyle,
cheio de remorso, chorou longamente ao perceber com que indiferença havia
tratado a sua esposa, que lhe devotara tanto amor. Desgostoso e traumatizado,
afastou-se da vida pública e deixou de escrever. É impressionante como um homem
com tanto discernimento sobre a vida e os relacionamentos deixou se levar pelo
“amor aos livros”. Teria ele dito para sua esposa que ela era corajosa? Teria
Carlyle demonstrado grandeza pela forma de tratamento dispensado à sua frágil e
doente esposa? Homens como Thomas Carlyle, o rei Davi de Israel, dentre tantos
outros, realizaram muitos feitos extraordinários e tiveram muitas conquistas.
Entretanto, no fim da vida, perderam suas famílias por não terem cuidado delas
como deveriam. Teria suas vidas valido a pena? Acredito que sim. Mas, se eles
pudessem voltar atrás, certamente fariam muita coisa diferente. Teriam deixado
os livros (Carlyle) e as conquistas (Davi) para segundo plano e se dedicado a
uma das coisas mais importantes: compartilhar mais vida e emoções àqueles que
os amavam.
Sem dúvida, a
comunicação na família é uma das grandes experiências da vida. Ela pode definir
o futuro dos filhos e a perpetuação do casamento. A sintonia familiar, assim, é
um presente que os filhos e os cônjuges levarão consigo, em seus corações, para
sempre, levando todos a terem convergência de sentimentos, cosmovisões, ideais,
para se chegar à unidade familiar. Aconteceu isso na torre de Babel (Gn 11.6).
Lamentavelmente, o objetivo dos construtores da torre de Babel era mau e
egoísta: construir um nome para si (Gn 11.4), mas o método motivacional
aplicado foi excelente, e até Deus reconheceu isso. Sem dúvida, com uma boa
comunicação, não haverá nenhuma restrição para tudo que a família planejar
fazer.
I. O FRUTO DO ESPÍRITO NA COMUNICAÇÃO
1. Alegria
É preciso ter
alegria na comunicação, pois ela é fruto do Espírito e, por isso, todos devem
buscá-la em Deus. Jesus falou sobre alegria completa nEle (Jo 15.11; 17.13). O
bom humor, assim, é algo indispensável para a vida.
Uma boa
comunicação no lar, ou em qualquer ambiente social, depende do estado de
espírito das pessoas, e não é preciso que toda a família seja mal-humorada para
afetar o convívio, basta apenas uma pessoa para toda a comunicação familiar
ficar comprometida. O patriarca Isaque (que significa riso), por exemplo, tinha
momentos de lazer e bom humor com sua família (Gn 26.8). Sua comunicação fluía
tão bem, a ponto de o rei dos filisteus, Abimeleque, de longe, entender
corretamente tudo o que se passava entre ele e Rebeca.
Tudo leva a
crer, igualmente, que Jesus era simpático e alegre. Ora, como se sabe, nenhuma
criança se afeiçoa por pessoas mal-humoradas, e elas frequentemente se
aproximavam do Senhor (Lc 18.15-17; Mt 21.15). Em Mc 10.13-16 os pais
levaram-nas até Jesus a fim de que as tocasse. Todavia, o Senhor foi além... Está
escrito: “E, tomando-as nos seus braços e impondo-lhes as mãos, as abençoou”
(Mc 10.16). Isso é que é simpatia! O Messias era muito eficiente em sua
comunicação. Ele é o nosso exemplo. Sorrir é um bom remédio e ajuda muito na
convivência.
Deus, da mesma
forma, sempre está de bom humor conosco, ainda que nossos erros o entristeçam.
Seu regozijo sempre é completo. Glória ao Senhor pelo seu amor! Como seria bom
se todos o imitassem nesse aspecto. Com o bom humor, a mensagem verbal flui com
eficiência, a voz do emissor sai no tom adequado, e os gestos (comunicação
não-verbal) ficam compatíveis com o todo. Isso é sucesso na comunicação. Mas
não é tão fácil quanto pode parecer. Alguns cuidados objetivos devem ser
observados para que a mensagem da comunicação atinja seus objetivos. A intenção
da fala, a mensagem, apresenta-se como o primeiro componente importante, a qual
pode ser sensivelmente alterada pelo tom de voz e pelos gestos (comunicação
não-verbal).
Assim sendo,
uma comunicação eficiente deve conter harmonia entre esses aspectos, a fim de
que a mensagem seja perfeitamente compreendida pelo receptor (a quem foi
dirigida), gerando o entendimento familiar. Para isso, entretanto, o conteúdo
da mensagem deve ser sempre calcado no amor e na reverência à Palavra de Deus,
e a voz deve ser compatível com o conteúdo, bem como os gestos. Com tais
cuidados, o diálogo tem tudo para ser estabelecido, e a unidade familiar será a
consequência feliz. Essa casa nunca será abalada, porque está firmada sobre a
rocha (Pv 24.3,4 NTLH). Tal experiência aconteceu com a família de Acsa, filha
de Calebe, que, mesmo sem ter direito à herança, recebeu do pai ricas e férteis
terras (Jz 1.13-15). O texto mostra Acsa combinando esses três fatores que
tornaram sua mensagem eficiente. Isso é uma coisa muito séria, que, por não ser
atendida, tem trazido enormes prejuízos para muitas famílias.
2. Sinceridade
Falar a verdade
é o dever de toda pessoa (Ef 4.25). Assim, para um relacionamento ser próspero,
torna-se indispensável haver verdade na comunicação desde a fase do namoro, a
base de um casamento feliz. Se sempre houver mentiras no período do namoro,
mesmo que pequenas e pontuais, o futuro desse relacionamento estará seriamente
comprometido. A Bíblia diz que "a sinceridade dos sinceros os encaminhará,
mas a perversidade dos desleais os destruirá” (Pv 11.3). Falar com sinceridade
é o caminho da prosperidade, da confiança recíproca e da criação de laços
indestrutíveis de lealdade.
3. Perdão
Se há um lugar
onde o perdão deve ter sua aparência mais exuberante, esse lugar é na família.
Não é razoável, ali, permanecerem rancores, traumas emocionais em filhos, pela
maneira como eram tratados na infância pelos pais e irmãos, dramas existenciais
por causa de palavras de maldição lançadas indiscriminadamente, infidelidade
conjugal, etc. No seio familiar, o perdão pode até ganhar outro nome:
reconciliação. Não somente deixar para trás o que aconteceu, mas, sobretudo,
recomeçar de onde parou. Tenho visto famílias com sérios problemas relacionais
por falta de perdão. Na vida, sempre haverá erros entre os familiares. Uma
família vitoriosa, porém, carrega consigo a capacidade de anistiar os grandes
erros. Houve um teólogo americano do século XIX que disse que todo homem deve
ter um grande cemitério para enterrar as “besteiras” que seus amigos cometem.
Se isso for verdade em relação aos amigos (e realmente o é), imagine em relação
à família?
Está escrito
que, se não perdoarmos, seremos vencidos por Satanás (2 Co 2.10). Ismael e
Isaque, Jacó e Esaú, José e seus irmãos, todos se desentenderam fortemente, mas
no fim houve perdão recíproco e reconciliação! O perdão fechou as brechas de
acesso do mal e forneceu às famílias patriarcais a possibilidade de cumprirem
sua missão de serem ascendentes do Redentor.
4. Paciência
A Bíblia
recomenda que devemos ter paciência com todos (1 Ts 5.14). O pai magoa o filho,
o qual, por sua vez, ofende a mãe, e ela, de vez em quando, entristece o
marido. Este é o ciclo dos relacionamentos. Se um desistir do outro, nunca
haverá felicidade na família.
Observe o caso
do patriarca Jó. No meio da maior aflição da vida, sua esposa sugeriu que
abandonasse a fé, e ele respondeu: "Como fala qualquer doida, assim falas
tu; receberemos o bem de Deus e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou
Jó com os seus lábios” (Jó 2.10). Ele não perdeu a paciência, nem chamou sua
mulher de doida, mas arrazoou que ela não estava sendo racional e, por isso,
parecia uma louca. Quanta galhardia de um homem falido e moribundo! Não é à toa
que a Bíblia elogia a Jó pela sua paciência e o fim que o Senhor lhe deu (Tg
5.1 1)!
A verdade é que
os cristãos deveriam ser as pessoas mais pacientes da Terra, porque Deus é
profundamente paciente conosco. O Senhor exige, minimamente, de cada pessoa, o
que Ele oferece a todos abundantemente! A paciência do pai do filho pródigo é
um belo exemplo para todos (Lc 15.20).
II. BOA COMUNICAÇÃO
1. Exemplos patriarcais
a) Noé:
Vários servos
de Deus são exemplos no quesito comunicação familiar. Um deles é Noé. Ele
conseguiu colocar no coração da sua família o projeto do Altíssimo. Noé foi
ridicularizado por todos durante muito tempo, menos por sua família, que
suportava as afrontas juntamente com o patriarca, o pregoeiro da justiça (2 Pe
2.5). Isso foi tão decisivo, que Deus fez posteriormente um pacto com Noé e
seus filhos (Gn 9.8-12). A mulher de Noé, por seu turno, estabeleceu um elo
indestrutível com o patriarca de, pelo menos, 450 anos de casamento (Gn 5.32;
9.29). Tudo isso deveu-se, em grande parte, por causa de uma comunicação
familiar eficiente. Todos falavam a mesma língua do patriarca, tinham o mesmo
projeto e serviam ao mesmo Deus.
b) Abraão
Outro caso
importante foi o de Abraão (seu nome era Abrão, que significa “pai ilustre” — e
realmente o era — e Deus mudou seu nome para Abraão: “pai de uma multidão”).
Ele soube comunicar todo o conselho de Deus à sua família. Sara, Agar, Eliézer,
Isaque, Ismael e Ló puderam desfrutar de uma comunicação salutar, incluindo,
sobretudo, a importância da oração e a necessidade de conhecer a Deus. Ê
notório como todos esses personagens tiveram experiências com o Deus de Abraão!
Por outro lado, ele sabia ouvir Sara (Gn 21.12-14), era pacificador (Gn 13.8),
não agia com ganância (Gn 13.9), tinha sempre tempo para Isaque (Gn 21.8;
22.7,8; 24.1-4), tinha humildade para reconhecer seus erros (Gn 20.10-13) e era
sensível com a dor dos outros (Gn 18.23-33). Não é à toa que é considerado o
pai da fé (Rm 4.16) e amigo de Deus (Is 41.8), pois quem anda com Deus aprende
se relacionar bem com o próximo, principalmente com os seus familiares.
2. Sentindo-se amado com Jesus
Uma boa
comunicação noticia mais que mensagens e transmite amor. Sem palavras, o amor
brota por todos os lados. Foi assim com Jesus e seus discípulos. Até a noite da
traição, Jesus não havia dito que amava seus discípulos, mas nenhum duvidava
disso. Quando o Senhor falou amai-vos uns aos outros como eu vos amei (Jo
13.34; 15.9,12) não foi uma surpresa para eles. Os discípulos sabiam disso há
muito tempo. A comunicação de Jesus acenava constantemente para esse fato (Jo
11.36). E isso consolava (e consola) os corações dos que estavam ao seu redor.
Jesus sabia fazer isso como ninguém.
O Filho de Deus
criou um canal de comunicação entre o céu e a terra em suas mensagens: as
parábolas. Com essas histórias (aproximadamente quarenta), o Senhor estabeleceu
uma conexão inexorável com os homens e plantou neles a semente do Reino (Mc
4.34). Individualmente, porém, Jesus tinha a sensibilidade de como se comunicar
com eruditos, como Nicodemos, com uma mensagem adequada (Jo 3.1-21); com a
mulher samaritana preconceituosa, por sua vez, Jesus utilizou outro recurso
pedagógico (Jo 4.1-30); com o cego desprezado (Jo 9.1-7, 35-39), sua
comunicação era noutro patamar. Assim, Jesus tinha um jeito especial de tratar
cada pessoa que lhe buscava. Elas, com certeza, se sentiam amadas pelo
Nazareno! Ele deixou o exemplo para que, dia a dia, sigamos suas pisadas (1 Pe
2.21).
3. Sentindo-se integrado com Jesus
A boa
comunicação faz as pessoas se sentirem úteis e integradas. E é dessa forma que
elas trabalharão por mais tempo e com mais afinco. A forma de Jesus se
comunicar fazia as pessoas reconhecerem a importância de sua contribuição
individual. Quando o Senhor foi multiplicar pães e peixes, Ele já sabia o que
fazer, mas perguntou aos discípulos qual atitude tomar (Jo 6.5,6), para que se
sentissem participantes daquele milagre.
Essa capacidade
do meigo Nazareno fazia, ademais, com que seus discípulos pudessem planejar
(sonhar) juntos. Quando Jesus subiu ao céu, deixou aos discípulos uma missão:
fiquem juntos em Jerusalém (Lc 24.49). O Espírito Santo, o maior comunicador de
todos os tempos, daria todas as instruções para a nova Igreja, que surgiria no
dia de Pentecostes (Jo 16.13-15).
Este sentimento
de complementaridade familiar somente se aperfeiçoa com a existência de uma
comunicação eficiente, pois isso gera unidade, a qual, por sua vez, gera
integralidade de propósito. Jesus fez isso pelo seu Espírito, e as portas do
inferno não prevaleceram contra a Igreja. Em sua família, a comunicação é
eficaz a esse ponto? Todos se sentem participantes das vitórias?
III. A ARTE DE OUVIR
1. A exortação de Deus
Está escrito
que “na multidão de palavras não falta transgressão, mas o que modera os seus
lábios é prudente" (Pv 10.19). Sem dúvida, falar demais pode trazer
transtornos imprevisíveis. Em toda a Bíblia, assim, há o consenso de que é
melhor ouvir do que falar. Por exemplo, está escrito que, quando estiver na
casa de Deus, cada pessoa deve estar inclinada mais para ouvir (Ec 5.1) e que
“a fé vem pelo ouvir” (Rm 10.17), e, além disso, “quem tem ouvidos para ouvir,
ouça” (Mt 11.15), dentre muitas outras coisas. Sendo assim, ouvir é um
mandamento, um dom, uma virtude. Ouvir também é uma arte.
Vivemos na
geração “fone de ouvido”, onde praticamente ninguém quer mais ouvir os outros,
mas somente a si mesmo. Na família cristã, porém, deve ser diferente. Tiago, ao
escrever sua carta, diz que não apenas alguns, mas todos devem ser prontos para
ouvir e tardios para falar (Tg 1.19). Essa regra de ouro da vida em família
salvou Naamã da morte iminente (2 Rs 5.1-4; 13,14) e pode salvar muitas
famílias hoje em dia, desde que elas parem para ouvir a voz de Deus.
2. A arrogância dos desobedientes
A arrogância
tem um grande poder destruidor, além de prejudicar, e muito, a comunicação. Por
outro lado, a humildade é um dos requisitos da boa comunicação em família.
Nabal, por exemplo, foi um homem extremamente prepotente e que não queria ouvir
ninguém (1 Sm 25). Acabou morrendo de um surto de indignação (a Bíblia não
revela expressamente a causa da sua morte)!
Roboão, filho
de Salomão, foi outra pessoa arrogante, a qual não queria ouvir os conselhos
dos mais velhos. Ele achou melhor seguir a orientação daqueles que não tinham
experiência na vida, causando, dessa forma, um dano irreparável ao reino. Seu
pai já tinha dito: “Ouça, meu filho, a instrução de seu pai e não despreze o
ensino de sua mãe. Eles serão um enfeite para a sua cabeça, um adorno para o
seu pescoço” (Pv 1.8,9 NVI). Certamente, este ensinamento não foi bem
compreendido por Roboão. Sua vida foi sem brilho, um garoto mimado, que esteve
no trono tão somente pela promessa que Deus fizera a Davi, seu avô. Roboão
poderia ter feito uma grande diferença.
3. A falta de tempo (e paciência) dos pais
Um dos graves
problemas familiares é a falta de tempo dos pais para ouvir seus filhos. Os
filhos precisam muitas vezes de apoio, conselhos e atenção. As vezes, no
entanto, os pais estão ocupados demais.
Como magistrado
há quase vinte anos e dirigente de igrejas desde 1997, tenho me deparado com
inúmeros casos de pessoas frustradas na vida, com fortes problemas emocionais,
por nunca terem se sentido amadas por seus pais. Usadas sempre, porém nunca
amadas. Lembro-me de um jovem que veio falar comigo muito aflito. Francisco era
um rapaz extrovertido (seu nome é fictício); porém, naquele dia, ele estava
muito abatido. Pensei que algo muito sério, como a morte de um ente querido,
tivesse acontecido. Entre abundantes lágrimas, soluçando, ele disse que estava
muito triste porque descobriu que seus pais não o amavam. Espantado com a
afirmação, tentei explicar a ele que aquilo não era verdade. Mas, antes de
concluir o pensamento, ele me interrompeu com um argumento muito forte: "Eu
sei que não me amam porque não me dão atenção. Tanto faz, para eles, eu estar
vivo ou morto. Saí de casa e passei três dias fora e, quando retornei, eles
sequer perguntaram onde eu estava”. Recordo-me que a família dele era muito
grande, e seus pais eram idosos, mas, mesmo assim, não tive como fazer uma
defesa ardorosa de seus genitores.
A comunicação
traz vida para quem dela se beneficia e gera profundas emoções, que podem ser
boas ou más. O pai de Bilquis Sheikh, a ex-muçulmana, já havia morrido, mas as
lembranças felizes do tempo que ele investia na filha consolavam-na nos
momentos de solidão. Francisco, porém, mesmo com os pais vivos, sentia-se
profundamente desprezado, simplesmente porque eles viviam muito ocupados e não
tinham tempo para conversar.
As
consequências são, sempre, muito ruins. Isso aconteceu, também, com Davi. Um
grande rei, mas um péssimo pai. Nunca teve tempo para ouvir as angústias de seu
filho Absalão. Nunca o repreendeu. Nunca o aconselhou, nem o elogiou. Quando,
por fim, Absalão se revoltou contra seu pai e tomou-lhe o reino, parece que
Davi entendeu que a culpa era toda paternal. Ao orientar seu general, que iria
guerrear para retornar o poder, Davi pediu que tratasse brandamente seu filho
Absalão (2 Sm 18.5). Joabe, o general, não atendeu ao rei e matou o insurgente
filho. Ao saber da notícia da morte de Absalão, Davi ficou devastado (2 Sm
18.33).
Sempre há tempo
para reconstruir um relacionamento familiar debilitado. Mas, e se os pais não
quiserem (ou não puderem) mais reconstruir a estrada do relacionamento... O que
fazer? Está escrito: “Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o
Senhor me recolherá” (SI 27.10). Deus sempre está no controle!
Reynaldo
Odilo
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