Nos dias
atuais, tomado por tanto caos e injustiças, essa é uma questão cada vez mais
latente. As pessoas se perguntam: onde está Deus? Por que Deus permite isso ou
aquilo? Enfim, não só o juízo de Deus faz parte desse enredo, mas também uma
sucessão de consequências de escolhas erradas feitas ao longo dos tempos. O
homem, ao rejeitar o amor de Deus, abre os braços a escolhas que tem
consequências nos tempos presente e futuro.
A cada dia, as
escolhas humanas são reflexos de suas concepções de mundo. Fazem o mal, porque
o mal está dentro dos seus corações. Fazem o bem, porque o bem, de igual forma,
está dentro do coração. Parece uma questão simples, mas não é tão simples
assim. As pessoas teimam em não querer aceitar as consequências das suas
escolhas: fazem escolhas más, frutos de pensamentos maus, que se originaram em
homens que já esqueceram o que é o amor de Deus e estão completamente
absorvidos pelo sistema do mundo.
É nesse
contexto que o juízo de Deus se faz necessário, mas há, no tempo atual, assim
como nos dias de Isaías, uma importante missão a ser cumprida. Naqueles dias, o
profeta foi a voz que clamava. Nos dias atuais, cabe à Igreja ser a voz
profética que anuncia que é preciso arrependimento e restauração.
Em seu livro, o
profeta Isaías quer mostrar que, apesar de Deus ter de executar juízo contra
seu povo, como consequência das escolhas erradas feitas por eles, depois de
claras e severas advertências, o que prevalece é seu imenso amor, misericórdia
e cuidado para com eles, demonstrado em dois momentos: Primeiramente, na
proteção, conforto e consolo disponibilizados por Deus e simbolizados na nuvem
protetora de dia e no resplendor de fogo chamejante durante a noite (Is 4.5).
E, por fim, no envio do Messias que, a princípio, fora rejeitado, mas
finalmente aceito, e que também foi chamado de Renovo do Senhor, cheio de beleza
e de glória.
O profeta busca
deixar claro que o Deus executor de juízo age com justiça e equidade, porém
jamais deixará seu povo entregue ao sofrimento, demonstrando, assim, a grandeza
dEle purificando, salvando e curando seu povo e ainda lhes prometendo que
seriam muito abençoados.
Qual deve ser
nossa posição frente ao que nos revela o profeta? A mensagem das Boas-Novas é
clara, e o chamado é para todos. O amor e a misericórdia de Deus nos alcançam
de forma plena ao contemplar o juízo, promovendo a restauração e a redenção em
Cristo, chamando-nos para a comunhão e gozo eterno. Enfim, destacamos a
concordância do autor de Hebreus com Isaías quando escreve: “Como escaparemos
nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (Hb 2.3 - ARA).
I - O JUÍZO DE DEUS
O juízo de Deus
é um ato de amor que tem por objetivo: separar o bem do mal e o verdadeiro do
que é falso. Talvez pareça um pouco antagônico: Como afirmar que o juízo de
Deus, com todo o seu enredo já conhecido, é um ato de amor? Para entendermos
essa questão, é necessário nos remetermos até os primeiros dias onde o homem
foi criado por Elohim. Havia um propósito para o homem que envolvia um
relacionamento muito especial e íntimo com Deus, mas o homem escolheu pecar,
interrompendo toda essa bela história. A continuidade dessa trama já é bastante
conhecida, assim como suas consequências. Logo, haveria um juízo; porém, mais
do que um juízo, havia um Deus amoroso e misericordioso. Aos olhos humanos, era
chegada a hora da sentença e da morte. Aos olhos de Deus, era a hora do juízo,
da restauração e da glorificação.
1. As causas do juízo de Deus
Antes de enviar
seu juízo, o Senhor havia mostrado claramente ao povo que Ele não deveria agir
de forma contrária ao seu amor. E assim tem sido desde o início. Antes mesmo da
queda de Adão e Eva, Deus já os havia instruído acerca do que deveriam evitar,
a fim de manterem a comunhão com Ele. E assim foi durante toda a história da
humanidade até os tempos do profeta Isaías. Deus, sempre movido por amor e
misericórdia, buscou estabelecer alianças com o seu povo, levantou vozes para
que trouxessem palavras de retidão, realizou maravilhas e supriu as
necessidades. A lista de intervenções é imensa, desde pão vindo do céu, o mar
se abrindo, as muralhas indo ao chão, até palavras proféticas de homens
ungidos. Porém, nada disso conseguiu manter o povo de Israel longe do pecado.
Bastou o tempo passar e os milagres “esfriarem” para que o povo começasse a
abandonar seus princípios e imergisse numa série de abominações.
Por causa disso,
Deus alertou, por intermédio do profeta, contra a corrupção dos governantes e a
violência. Alertou também sobre questões econômicas e sociais que promoviam a
injustiça. Foram denunciadas e advertidas as seguintes práticas: a substituição
do Senhor pelas riquezas; a ganância; o suborno recebido pelo juiz; a
exploração dos trabalhadores para a manutenção do luxo no palácio, do rei, da
corte e do templo; a concentração de riquezas nas mãos de poucos; o
empobrecimento da população; a administração fraudulenta; a impunidade e a
opressão. Tudo isso é característica do afastamento sistemático do amor e do
cuidado de Deus, dando as costas a Ele, e, na prática, querendo afirmar que não
precisariam dEle nem de suas ordenanças para organizarem suas vidas.
2. Como um Deus bom pode agir com juízo
Está aí,
possivelmente, um dos maiores antagonismos levantados por muitos que, em um
primeiro momento, não conseguem compreender as dimensões da justiça e do amor
de Deus. Nos tempos antigos, e também nos dias atuais, ao olhar para tantas
consequências de ações humanas, não conseguem perceber que elas são
simplesmente decorrências das próprias escolhas. Essas pessoas não compreendem
como um Deus de amor pode agir em juízo e alegam que as duas coisas são
antagônicas e preferem achar que Ele é complacente com situações que ferem sua
santidade, como no caso do povo de Judá e Jerusalém.
Mas é preciso
afirmar a verdade de que o juízo de Deus se manifesta sempre que se viola o
princípio de justiça estabelecido por Ele, e assim se viola seu próprio amor,
ou seja, a própria criatura humana se expõe ao juízo de Deus ao rejeitar o seu
amor que é oferecido gratuitamente. Desta forma, o juízo é um ato de amor que
abandona o ser que resiste ao amor de Deus à autodestruição.
No caso de
Israel, esse amor foi rejeitado ao agirem com arrogância e autossuficiência,
desprezando a provisão de Deus e ao praticarem a injustiça de uns para com os
outros, oprimindo e explorando os pobres, os órfãos e as viúvas. Enfim, o povo
que reivindicava para si uma atribuição de religiosidade havia esquecido o real
sentido do amor que deveria ser para eles uma inspiração, servindo de padrão em
todos os momentos. O amor e a misericórdia de Deus, que, em outros momentos, já
os havia alcançado e salvado das mãos de tantos inimigos, deveria motivá-los a
praticar a justiça, fazer o bem e amparar os que precisam. Mas a realidade que
se apresentava era completamente diferente. Não importava quantas vezes o povo
foi alvo da misericórdia de Deus. Em todas elas, o que se seguiu foi o desvio
moral, espiritual, político e social do povo. Já havia uma distância
incalculável entre o lugar que o povo de Israel deveria ocupar e onde eles
realmente estavam por causa do pecado.
O Criador, em
seu infinito amor, deseja que todos sejam alcançados pela graça e salvação.
Porém, também é verdade que Deus é santo e, em sua santidade, há a necessidade
de uma restauração. E esse processo é o que viria a acontecer através da
promessa do “Renovo”.
3. A justiça estabelecida com juízo
As palavras do
profeta eram prenúncios de tempos de justiça e purificação não só para aqueles
dias, mas também para momentos muito posteriores, como os nossos dias e, ainda,
os dias que virão. Não há como desfrutar da presença de Deus sem justiça e
santidade, e é nesse contexto que o juízo começa a ser aplicado.
Para que
houvesse o retomo da justiça no meio do povo de Deus, era preciso que o juízo
fosse feito com rigor pelo justo juiz. O Senhor lavaria e purificaria toda a
sujeira e limparia Jerusalém da culpa de sangue inocente derramado e das
injustiças praticadas até mesmo em nome dEle. Para isso, Ele enviaria seu
Espírito de justiça e seu Espírito purificador (Is 4.4 - ARA). Assim como em
qualquer processo de justificação, muitos não estavam dispostos a pagar o preço
necessário, pois o arrependimento e a restauração são etapas árduas, caras e
trabalhosas, porém necessárias. Quando o juízo fosse completado, a glória e a
proteção do Senhor seriam estendidas sobre seu povo.
Nos dias
atuais, a injustiça, a falta de amor, o individualismo, a corrupção, a
violência e toda uma série de iniquidades se multiplicam. Multidões estão cada
vez mais se afastando de Deus e, iludidos por teorias e tendências que surgiram
com a modernidade, vão se distanciando da fé e cada vez mais buscando a
satisfação apenas de si próprios. Multidões são vítimas dessas condições em que
o coletivo cada vez tem menos importância e o individualismo é a palavra de
ordem que lança um contra os outros sem piedade em uma realidade de dor e
solidão. Essa é a plataforma ideal para que se estabeleçam injustiças e se
viole o direito e a dignidade do próximo, ou seja, são as condições para a
prática de todo pecado, que está latente no coração humano esperando apenas a
oportunidade de se mostrar.
Nesse cenário,
a Igreja tem um importante papel e não pode se esquivar dessa grande
responsabilidade. A Igreja é o povo do Senhor na terra e atua como um arauto de
justiça e um inibidor do juízo contra o pecado e todas as formas de injustiça.
Dessa forma, em todas estas frentes, deve haver um posicionamento para que a
justiça deva ser proclamada. Ao anunciar as Boas-Novas, proclama-se uma
mensagem de amor, acolhimento, justiça, amparo e ética, enfim, uma coerência
com os ensinamentos do Mestre Amado. Essa proclamação precisa encontrar amparo
nas atitudes da Igreja frente à realidade onde estamos inseridos.
Essas atitudes
vão além de uma série de ações dentro de nossas igrejas, pois elas transcendem
esse espaço, levando essa voz a todos os espaços e exercendo uma abrangência integral,
cuidando do ser humano em todas as suas esferas. Ao ouvir falar de amor, se
sentirá amado; ao ouvir falar de justiça, se sentirá justificado; ao ouvir
falar de acolhimento e cuidado, se sentirá abraçado em sua totalidade. Vamos
exemplificar essa questão, no caso de a proclamação do evangelho não vir
acompanhado dela: seria complicado falar do “pão da vida” a alguém que está com
o estômago vazio e sente dor de fome, assim como seria difícil explicar o amor
de Deus a alguém que é rejeitado por todos e não tem nem um teto para dormir à
noite.
A Igreja é um
arauto de justiça e, como tal, precisa também ser presente no espaço da “polis”. Por
isso, ela não deve se omitir dos meios públicos, políticos e da justiça social,
mas também não pode compactuar com políticas injustas e corruptas. Deve, sim,
ocupar o espaço na sociedade que lhe compete. Nessa posição, não há como
aceitar troca de favores com os poderes constituídos, pois compromete a
autoridade profética da Igreja. A Igreja, quando se fizer presente no meio
público, precisa ser referência de ética, compromisso com a justiça e a
verdade, além de sempre posicionar--se de forma profética e justa, mostrando ao
mundo que há um Deus que é justo, santo e amoroso!
II - A GLÓRIA DO RENOVO DO SENHOR
Um período de
grande glória e beleza será estabelecido após o juízo divino sobre o povo,
segundo a profecia de Isaías. Porém, essa bênção seria apenas para aqueles que
forem salvos da destruição causada pela invasão dos inimigos de Israel, que
seria a executora do juízo de Deus. Esse juízo seria tão avassalador que os
salvos seriam chamados de santos diante da purificação que se estabelecerá.
1. O renovo do Senhor para Israel
Nesse ponto da
profecia, há uma referência tanto à época em que ela fora proferida quanto a um
tempo muito posterior, em um tempo já escatológico. Para os estudiosos do texto
bíblico, ao falar do Renovo do Senhor, Isaías está se referindo ao Messias que
seria rejeitado pelo povo de Israel, porém aceito ao final de muito aperto.
Ao apontar para
o contexto imediato, faz-se referência à invasão babilônica que, durante muitas
décadas, assolou todo o mundo conhecido de então, promovendo a destruição de
reinos e cidades e ampliando o seu poder. Talvez, nesse momento, quando eram
levados cativos, muitos dos que choravam começaram a repensar seus atos e como
estavam fora dos propósitos estabelecidos por Deus, mas já era tarde demais.
Em um contexto
remoto, faz referência ao fim dos tempos, quando Israel estará novamente
sitiada e será liberta milagrosamente quando reconhecer e aceitar a Cristo como
o enviado de Deus. Esse tempo será após o período da Grande Tribulação, que
durará sete anos, e o anticristo quebrará o pacto feito com Israel, e muitas
nações da terra se voltarão contra o povo de Deus. Nesse momento, o socorro do
Senhor virá através da intervenção divina encabeçada por Cristo em favor de seu
povo.
2. O renovo do Senhor para a igreja
A promessa de
renovo é para toda a Igreja, e não mais apenas para Israel. Com a rejeição de
Cristo por Israel, seu povo, abriu-se a grande porta da graça de Deus para
todos os povos da terra. A promessa agora estaria acessível a todo aquele que
aceitar viver esse processo de restauração, independentemente de etnia, classe
social ou qualquer outra classificação. Bastaria dizer sim para viver essa
restauração. Enfim, todos os que aceitam a Cristo como salvador nesse tempo da
graça serão espiritualmente revestidos de beleza e glória através de Cristo nas
suas vidas. Com isso, todos os que estão em Cristo são chamados de santos (Is
4.3; 1 Co 1.2). Esse processo de santificação se dá não por iniciativa do
cristão, mas a partir do fato de ele estar em Cristo, que é santo.
E em Jesus
Cristo que o renovo se concretiza ao nos dar vida plena. Ao morrer na cruz, Ele
levou sobre si nossa culpa e cumpriu o juízo nos dando acesso à vida eterna. É
o Renovo do Senhor produzindo vida! Jesus se referiu a si mesmo como o doador
da vida (Mt 20.28; Jo 3.15-16; 5.24), dizendo que “quem beber da água que eu
lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tomará
nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna.” (Jo 4.14 - NVI).
3. Cristo, o provedor de bênçãos para os
salvos
Em Cristo, os
salvos são alvos de muitas bênçãos. Essas bênçãos são especiais; porém, aos
olhos daqueles que ainda não conhecem a mensagem da cruz, elas podem parecer
irreais. Quem ainda não conhece a Cristo está tão preso ao pecado e oprimido
pelas injustiças e corrupção do mundo que não consegue mensurar o quão precioso
é a verdadeira vida que é ofertada por Jesus.
Através de
Cristo, há abundante provisão para todos nós, os salvos. E através de sua
Palavra que Ele promete cura para o corpo físico (Mt 4.23), libertação do
pecado e de situações de aflição e angústia (Rm 8.21), salvação do estado de
morte e afastamento de Deus (Lc 3.6), renovação para a mente e no modo de
pensar (Rm 12.2; 4.23), perdão completo para a culpa (Mt 26.28; Lc 24.47), e
sobre nós repousa sua glória transformadora. Como disse Paulo: “E todos nós,
que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem
estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor,
que é o Espírito.” (2 Co 3.18-NVI).
Em Cristo,
somos novas criaturas e podemos desfrutar de uma intimidade ímpar com o Senhor,
o que nos permite a cada dia vivermos um processo de santificação até que venha
a ser dia perfeito. E cabe a nós, Igreja, anunciarmos ao mundo que em Cristo há
um caminho para a salvação e para a vida abundante. Essa compreensão impele a
Igreja a um despertamento da necessidade de “sair para fora” e anunciar que há
um juízo, mas que também há uma salvação em Cristo.
III - A PROTEÇÃO
DO SENHOR
Como é precioso
o sentimento de proteção. Já no Jardim do Éden, encontramos Deus cuidando de
Adão e Eva, demonstrando o quanto essa ação é significativa e importante. Até
em uma célula familiar, o bebê, quando está inquieto, se conforta ao receber o
afetuoso abraço da mãe. Um dos pilares que une as pessoas é a necessidade de
proteção, como pôde ser observado no surgimento das primeiras civilizações:
buscava-se água, comida e proteção. Enfim, a proteção é uma necessidade natural
do ser humano. No entanto, a proteção que necessitamos da parte de Deus é muito
diferente, pois envolve o nosso ser como um todo.
O profeta
Isaías evoca a proteção do Senhor sobre seu povo lembrando-os da nuvem de dia e
da coluna de fogo durante a noite que os acompanhou durante os 40 anos no
deserto. Tendo isso em mente, o profeta afirma: “Criará o Senhor sobre toda a
habitação do monte de Sião e sobre as suas congregações uma nuvem de dia, e uma
fumaça, e um resplendor de fogo chamejante de noite; porque sobre toda a glória
haverá proteção. E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia, e
para refúgio e esconderijo contra a tempestade e contra a chuva” (Is 4.5).
Trata-se de uma recordação agradável para o povo de Deus, pois evoca o cuidado
dEle durante o calor do sol diário para não queimar o povo e da escuridão e do
frio da noite trazendo proteção e calor respectivamente.
1. A proteção do Senhor para Israel
O profeta
Isaías trouxe ao povo a lembrança do cuidado de Deus quando, na travessia do
deserto, com a finalidade de afirmar que, de forma mais gloriosa ainda, a mesma
proteção será presente para o povo de Deus.
As histórias
dos tempos antigos ainda mexiam com o coração do povo. A forma como Deus
libertou o povo do Egito, a travessia do Mar Vermelho, a condução pelo deserto,
todos os eventos aos pés do Monte Sinai, bem como a história da conquista da
Terra Prometida, além da forma como foi provido alimento e água, a nuvem e a
coluna de fogo; enfim, elementos que revelam o quanto Deus pelejou e cuidou do
seu povo, demonstrando uma relação verdadeiramente impressionante.
Essas
expressões trazidas pelo profeta estão, obviamente, em sentido figurado e
remetem para um tempo futuro, no reinado messiânico, em que Deus protegerá seu
povo de forma miraculosa contra todos os inconvenientes, tanto da natureza
quanto de seus inimigos. Todavia, além dessa proteção, fornecerá “um
tabernáculo para sombra contra o calor do dia, e para refúgio e esconderijo
contra a tempestade e contra a chuva (Is 4.6). Ou seja, o povo se sentirá
confortável como nunca em outro tempo esteve, pois a plenitude do reino
Messiânico será de uma glória indescritível (Is 4.5).
2. A proteção do Senhor para os salvos
As promessas de
Deus para Israel quanto ao reino Messiânico também se aplicam aos salvos. A
partir do momento em que Cristo veio ao mundo e foi rejeitado pelos seus, uma
porta foi aberta estendendo a possibilidade de salvação a todo aquele que passa
a crer em Jesus. O “Ide” da Grande Comissão (Mt 28) tem um imperativo que
revela a vontade de Deus em salvar toda a humanidade e, assim, permitir que
todo o que crê na mensagem da cruz seja salvo.
Aos que aceitam
essa mensagem, Jesus faz uma promessa: Ele afirmou que aqueles que vivessem em
seu Reino (Lc 8.1; 16.16; 17.20-21), que se estabelece nos corações,
experimentariam antecipadamente as realidades deste Reino: “Pois o Reino de
Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm
14.17 - NVI). Essa já é a dimensão presente do Reino de Deus que se apresenta a
todo aquele que segue a Cristo.
Mas será que
essa verdade significa que não mais teremos lutas e aflições? Não, não, muito
pelo contrário. Estamos em uma verdadeira batalha em que somos arautos do Rei e
precisamos promover o seu Reino. Para cumprir essa missão, há um preço a ser
pago, pois a mensagem que levamos aos que tem sede é muito preciosa, e é
natural que tenhamos resistências do sistema do mundo atual; mesmo assim,
devemos ter bom ânimo porque não estamos sozinhos nessa caminhada!
O próprio Jesus
não prometeu uma vida fácil e livre de tribulações. Ele mesmo disse: “neste
mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo” (Jo 16.33
- NVI). Temos, na fala de Jesus, a certeza de que a caminhada de fé do cristão
é repleta de desafios, ainda mais porque vivemos num momento de grandes
injustiças, corrupções, violência e esfriamento do amor. O individualismo e a
falta de amor alcançaram níveis alarmantes, levando multidões ao desespero. Mas
é nesse contexto que a Igreja precisa cumprir o seu papel profético e anunciar
que há um caminho.
Em meio a
tantas dificuldades, Cristo nos mostra que a provisão para o seu povo é a
companhia, o consolo e o conforto do seu Espírito Santo, que atua como uma
nuvem sobre seu povo, guardando cada um do calor escaldante das aflições da
vida, e o fogo do Espírito, que protege contra a frieza deste mundo e lhes
provê sustento espiritual.
O resplendor de
fogo sobre o povo e o seu Espírito purificador (Is 4.4-5) são alusões ao
batismo com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11), que se cumpriu no Dia de
Pentecostes e que ainda se cumpre na vida de cada crente ao ser batizado no
Espírito Santo, promovendo purificação e queimando interiormente aquilo que
fere a santidade de Deus, permitindo vivermos em seu Reino de justiça, paz e
amor. E é mediante o batismo no Espírito Santo que o cristão recebe as
condições para exercer o seu chamado de forma plena conforme a vocação de Deus
para a sua vida de forma destemida e triunfante. Concluindo, podemos afirmar
que Deus deseja para nós, o seu povo escolhido, os salvos em Cristo, que
vivamos uma vida de plenitude desfrutando das muitas coisas boas disponíveis em
seu Reino, estabelecido em nossos corações. Ele tem o melhor para nós e, ao
usufruirmos desse melhor, estamos também glorificando a Deus, pois foi com essa
intenção que Ele nos criou: para, em intimidade com o Pai no cotidiano, vivamos
intensamente essa relação cumprindo o propósito dEle em nossas vidas.
Mas,
infelizmente, muitos ainda não desfrutam dessa intimidade. A rejeição dessa
oferta gratuita é uma afronta ao seu amor e misericórdia e entristece muito ao
Pai. Como pode o homem dizer não a
tão grande amor? E há tantos que renunciam esse presente. Talvez a resposta a
essa questão seja encontrada no fato de que ainda não tenha sido revelado de
forma clara o quanto Deus pode trazer vida a essa pessoa que agora diz não. Quem poderá revelar a essa pessoa
tão grande verdade? Talvez essa seja uma tarefa para você, leitor. Pense nisso.
Doe-se nessa linda missão.
Vamos, então,
nos esforçar para permitir que o Espírito Santo implante em nossos corações o
Reino de Deus, a fim de trazer a libertação das forças opressoras do mal e da
miséria humana. E tocados por essa causa, vamos conscientes da visão profética
da Igreja, avançar na missão de anunciar ao mundo que há um Deus que é justiça,
mas que também é amor, misericórdia e que tem para os seus um renovo em glória.
Autor:
Claiton Ivan Pommerening
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