Era uma vez um casal evangélico. A
mulher era estéril, mas Deus prometeu lhe conceder um filho. No tempo
determinado, milagrosamente, ficou grávida, nascendo-lhes um saudável menino.
Os pais criaram a criança na igreja. A escola dominical e o círculo de oração
eram os lugares preferidos da criança. A criação dos pais era muito austera. O
menino não fazia o que outros coleguinhas faziam. Não ia ao cinema, não jogava
futebol, não andava com quem dizia palavrão, suas roupas eram diferentes. Era
um menino diferente. Alguns diziam que ele ia ficar reprimido, devido a tanto
rigor. Quando foi crescendo, os pais continuaram lhe impondo uma conduta
bastante restritiva. Era um garoto muito usado por Deus. Cantava no conjunto
infantil e sempre pregava. Educação cristã rígida, estudo da Bíblia, oração,
tudo isso fazia parte da rotina do jovem. Namoro com garotas não comprometidas
com Deus... nem pensar.
Um dia, porém, ele começou a olhar
para o mundo de outra maneira. Ele cobiçou. Percebeu que havia vida depois dos
muros da igreja. Começou a fazer tudo o que seus pais sempre lhe
desaconselharam. Enveredou por caminhos pecaminosos. Seus melhores amigos,
agora, eram pessoas não-cristãs. Baladas, bebedeiras, orgias, eram, agora, o
forte desse rapaz. Depois de algumas decepções amorosas, ele se apaixonou e
logo começou a namorar uma jovem ímpia, que não amava a Deus, para aumentar
ainda mais a tristeza dos seus pais. A moça era interesseira. Seu objetivo era
desfrutar da fama de ser a namorada de um "cara descolado e desejado por
todas” e, após isso, destruir-lhe a vida. A moça o encantava cada dia mais e,
por causa dela, ele começou a consumir drogas. Ardilosa que era, a bela jovem
conseguiu descobrir o segredo do sucesso do namorado, aquilo que lhe dava
força. Com isso, ela conseguiu ganhar muito dinheiro e arruinou por completo a
vida dele. Em seguida, claro, o abandonou. Foi um golpe baixo. O rapaz entrou
“em parafuso”. Sua visão
espiritual ficou completamente deturpada. Depressivo, desprezado, derrotado,
foi preso por um longo tempo. Ele afundara no pecado, e agora colhia as
consequências.
Um dia, porém, na prisão, ao
sofrer a maior humilhação da vida, acendeu-lhe a esperança. Lembrou-se dos dias
em liberdade, da professora da escola dominical, dos cultos domésticos realizados
com seus pais. A fé, que estava adormecida pelos seus muitos pecados,
ressurgiu, então, com redobrada força. Ele enxergou, pela fé, mais uma vez, que
o Deus de seus pais poderia perdoá-lo e lhe dar uma nova chance. O moço
conhecia as histórias da Bíblia. Então, ele orou: “Senhor Jeová, peço-te que te
lembres de mim e esforça-me agora, só esta vez, ó Deus (...)" (Jz 16.28).
O Altíssimo lhe respondeu a oração, restaurando-lhe as forças e, mais uma vez,
concedeu-lhe uma grande vitória — a última delas, é verdade, mas também a maior
de todas. Ele passou pelos umbrais da eternidade para viver para sempre com o
seu Senhor.
Nessa contextualização da vida de
Sansão, observamos o exemplo de quem errou muito enquanto se preparava para
constituir uma família, mas que experimentou, no fim, a experiência
extraordinária da Graça e do Poder de Altíssimo sendo manifestados. Sansão foi
um herói da fé (Hb 11.32). Sua oração foi ouvida no último momento — houve
arrependimento em tempo e desfrutou do gozo da salvação do Senhor. Ele morreu
bastante jovem, quando existia ainda uma longa estrada a seguir, sendo
sepultado em um clima de grande comoção. Poderia ter sido diferente. Poderia
ter sido melhor. Sua história, seu legado, sua fé, deixam-nos uma lição: o
jovem cristão não deve trocar bênçãos duradouras de sua vida por experiências
de curto prazo!
Buscar a Deus deve ser o maior
objetivo da existência humana. Entretanto, ter a companhia de alguém do sexo
oposto, para amar e ser amado, também faz parte do plano divino, o qual abrange
todas as áreas do ser humano.
Sansão se preparou para constituir
um lar de maneira indevida, pois ele sempre buscou a felicidade ao lado de
pessoas erradas, demonstrando o que pode acontecer se houver erros na
caminhada. As decisões de todo jovem cristão que se prepara para construir uma
nova família devem ser orientadas por Deus. Uma das regras importantes é
aprender a esperar no Senhor, ter uma boa preparação intelectual
(profissional), encontrar um trabalho, escolher a pessoa certa, começar o namoro,
evoluir para o noivado e concluir o ciclo com o casamento. Tudo isso no centro
da vontade do Todo-Poderoso. Ê bem verdade que alguns não constituirão uma nova
família, como foi o caso do profeta Jeremias (Jr 16.1,2). Vale dizer que, mesmo
solteiro, é possível ser feliz — aliás, tudo leva a crer que o profeta Daniel
(Dn 1.9) e o apóstolo Paulo (1 Co 7.7,8), homens de grande envergadura
espiritual, também eram solteiros. A felicidade de uma pessoa não se resume,
portanto, ao casamento, embora o casamento feito no Senhor seja uma grande
fonte de alegria (Ec 9.9).
I. O CAMINHO DO AMOR
1. Esperar com paciência
Todos os servos de Deus, algumas
vezes, tiveram que esperar pacientemente no Senhor. Ao longo da minha caminhada
cristã, observo que, quando a bênção está bem perto de chegar, surge, de
repente, algo muito parecido para nos distrair, mas que não vem de Deus. Esse é
um padrão que se repete constantemente. Há um prêmio para quem entrega, confia,
descansa e espera no Senhor (SI 37.5-7) em todas as áreas da vida, e na seara
sentimental não é diferente. Observe o caso de Adão e Eva.
Adão foi criado por Deus e ficou
sozinho no Éden, esperando no Senhor, não se sabe por quanto tempo. Isso não é
tão ruim quanto parece. O isolamento traz benefícios circunstanciais para o
jovem, pois o ajuda a colocar as ideias em ordem. Por fim, estando a sós com
Deus, o jovem ficará frente a frente consigo mesmo, compreenderá suas
limitações emocionais e conhecerá melhor o seu Criador, enquanto espera pelo
agir dEle. Isso aconteceu com Adão. Deus o anestesiou (fê-lo dormir) para que
ele conseguisse esperar a chegada de Eva. Assim acontece também com o jovem
cristão que decide esperar fielmente no Senhor. Deus o anestesia até a sua
bênção chegar.
Talvez algum rapaz ou moça possa
achar que está esperando por Deus em vão, pois já decorreu tanto tempo e, até
agora, a “pessoa certa” não apareceu... Por isso, alguém pode pensar que a
melhor coisa a fazer é escolher imediatamente, utilizando como único parâmetro
a aparência, sem consultar a Deus. Mas isso não é prudente!
Se alguém acha que está esperando
muito e que Deus não está lhe ouvindo, então analise o que aconteceu a Jacó. Se
houve uma pessoa que soube como ninguém o que significa esperar muito tempo
pelo Senhor, essa pessoa foi Jacó. Ao que tudo indica, Jacó se casou aos 84
anos de idade!
Os dados estão na Bíblia. O ponto
referencial básico deste cálculo é a idade do filho primogênito de Raquel.
Observe: José nasceu sete anos após o casamento de seus pais, quando terminou o
pagamento do dote das esposas (Gn 29.20-30; 30.22-24). Ele foi vendido ao Egito
aos dezessete anos e se apresentou ao Faraó aos trinta anos (Gn 41.46).
Passados sete anos de “vacas gordas” e dois anos de “vacas magras", Jacó
veio morar no Egito (Gn 41.53,54; 45.6), quando tinha 130 anos (Gn 47.9). Agora
ficou fácil. Como José estava, nesse momento, com 39 anos (aos trinta ele foi
feito governador, com mais sete anos de fartura e dois anos de escassez),
então, subtraindo a idade de Jacó (130) menos a idade de José (39), sabe-se que
José nasceu quando Jacó tinha 91 anos, e como José nasceu depois de sete anos
de casamento de seus pais, certamente Jacó se casou aos 84 anos!
Assim sendo, se Jó foi um modelo
de paciência por suportar o sofrimento, Jacó pode ser referido como padrão de
paciência na questão sentimental. Ele soube esperar, e Deus prometeu abençoá-lo
(Gn 28.10-22), cumprindo posteriormente a promessa. Mesmo com as falhas de Jacó
ao longo da sua vida, Deus levou em consideração sua fidelidade. Ele esperou em
Deus por oito décadas, para poder casar com alguém que fosse da vontade do
Senhor. Está escrito: “Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do
Senhor. Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade; assentar-se
solitário e ficar em silêncio; porquanto Deus o pôs sobre ele” (Lm 3.26-28).
Jacó, como se viu, suportou o jugo da sua mocidade como ninguém na Bíblia! E
ele foi muito feliz por isso!
2. Fazendo a escolha certa
Quando, enfim, chega o fim da
espera, entra a fase do deslumbramento. O primeiro olhar, aquele que chama a
atenção, que desestabiliza é, na maior parte das vezes, inesquecível. Isso
aconteceu com Adão. Ao contemplar sua esposa Eva, ele ficou tão extasiado que
fez a poesia mencionada em Gn 2.23,24. Eva havia sido esculpida pelas mãos do
próprio Deus e, por tal motivo, devia ser muito bela e formosa.
A Bíblia também conta sobre esse
primeiro olhar romântico (que não significa, necessariamente, amor à primeira
vista) na vida do patriarca Jacó. Está escrito: E aconteceu que, vendo Jacó a
Raquel, (...) revolveu a pedra de sobre a boca do poço, e deu de beber às
ovelhas de Labão, irmão de sua mãe. E Jacó beijou a Raquel, e levantou a sua voz,
e chorou (Gn 29.10,11). Aquele que tinha esperado em Deus durante tanto tempo
(diferentemente de seu irmão Esaú, que acabou se casando fora da vontade de
Deus — Gn 26.34,35) teve enorme emoção ao se encontrar com sua amada. Mas, por
que ele chorou? Porque Jacó havia percebido que Raquel, mais do que uma bela
jovem, era também a bênção há tanto tempo esperada. Ele percebeu que a ponte
afetiva deles tinha sido construída por Deus. Não se tratava só de beleza, mas,
sobretudo, de providência divina. Jacó podia ver que Deus estava naquele
negócio.
Tanto no caso de Adão e Eva, como
no de Jacó e Raquel, o mais emocionante não foi a beleza e a formosura das
pretendentes, e sim a direção de Deus em promover os encontros, como está
escrito: "O que acha uma mulher acha uma coisa boa e alcançou a
benevolência do Senhor" (Pv 18.22). Glória a Deus, porque Ele tem sempre o
melhor para os seus servos e servas!
O momento mais decisivo da vida de
um rapaz é, sem dúvida, o da escolha do cônjuge. O emprego, os estudos, a
cidade para morar, se houver necessidade de mudança, não haverá tanta
dificuldade. Todavia, mudar de cônjuge é completamente inviável, pois isso não
agrada a Deus, que odeia o divórcio. E bem verdade que, no Antigo Testamento,
Moisés autorizou o divórcio, mas Jesus disse que isso foi feito por causa da
dureza do coração do povo.
No Novo Testamento, Jesus somente
permitiu o divórcio em caso de adultério. Entretanto, mesmo havendo
deslealdade, o melhor caminho é o perdão entre os cônjuges e a continuidade do
pacto matrimonial, pois há coisas mais importantes em uma família do que a
“honra” de quem foi traído. O orgulho do cônjuge vilipendiado deve ceder espaço
ao amor e à visão sobre o futuro da família, notadamente no que diz respeito
aos filhos e à obra do Senhor. Não é fácil, certamente, mas é bom lembrar que
Jesus ensinou a perdoar o próximo pelas suas ofensas, para que cada um possa
ser perdoado. Isso, óbvio, também vale para o cônjuge infiel.
Sendo assim, é preciso ter
bastante cautela no momento da escolha. O rapaz deve se conscientizar que ele
vai escolher não apenas uma futura esposa para si, mas também uma irmã para
seus irmãos e irmãs e outra filha para seus pais! A mesma regra vale para a
moça. A responsabilidade, portanto, é muito grande, e Deus se interessa por
isso.
Outra coisa muito importante a ser
percebida é que, se o rapaz ou a moça escolher alguém para namorar, não tendo
intenções sérias para o futuro, apenas com o objetivo de não estar sozinho,
para “passar um tempo”, para “curtir” ou, como se diz usualmente, somente para
“ficar”, isso será pecado! O jovem que faz isso estará namorando a esposa de
outro homem! Ea moça que faz isso estará namorando o esposo de outra mulher!
3. A conquista
Feita a escolha correta, no centro
da vontade de Deus, chega então a hora de prosseguir para o momento da
conquista. Analisaremos, novamente, um episódio da vida do patriarca Jacó. A
Bíblia não narra com detalhes todos os fatos. Entretanto, deixa claro que Jacó,
depois de conhecer Raquel, esperou, ainda, um mês inteiro para agir (Gn
29.14-18).
A estratégia, certamente, ele
estava construindo em Deus. O Senhor criou uma circunstância, e Jacó a
aproveitou, seguindo os costumes locais. Como deve acontecer ainda hoje, o
relacionamento precisava ter a bênção do pai da moça. O esforço de Jacó em
trabalhar sete anos por Raquel seria o preço para ter em seus braços aquela que
ele tanto amava. Isso nos mostra que, mesmo Deus aprovando o relacionamento,
não significa que será fácil o caminho até o casamento. Geralmente, tudo na
vida que é conseguido sem esforço, as pessoas desprezam rapidamente. O percurso
até o casamento daqueles que se amam em Deus sempre apresenta muitos percalços,
mas não é penoso. Antes, pelo contrário, é cheio de alegria, da mesma forma que
aconteceu com Jacó. Está escrito. “Assim, serviu Jacó sete anos por Raquel; e
foram aos seus olhos como poucos dias, pelo muito que a amava” (Gn 29.20).
A conquista, todavia, não deve se
utilizar de técnicas de sedução e engano, como fazem as pessoas que não
conhecem ao Senhor. O jovem cristão deve se utilizar da sinceridade e da
verdade. Aliás, nada podemos contra a verdade. Na fase de conquista de Lígia,
minha esposa, ela conhecia toda a dificuldade financeira que eu enfrentava na
época. Minha casa era muito humilde. Nada lhe foi encoberto. Começamos a
namorar. No dia 31 de outubro de 1992, fui demitido do emprego. Uma semana
depois, por orientação de Deus, pedi "a sua mão” em casamento. Ela sabia
que o caminho até o altar seria complicado, pois os recursos financeiros eram
poucos. Porém, mesmo assim, ela e o pai dela disseram “sim”. Glória a Deus!
Fiquei muito feliz e tranquilo, pois eu sabia que tinha leito a escolha de uma
mulher que ficaria comigo na fartura ou na escassez, pois estávamos começando
na escassez! (Como é bom começar pequeno!) Cinco meses depois, fui chamado e
assumi um cargo de nível médio na Justiça Federal, e, em julho de 1993, nos casamos.
Em 1996, fui empossado como Juiz
de Direito. Foi um milagre atrás do outro. Depois do nascimento dos nossos
quatro filhos: Samuel, Reynaldo Filho, Ivar e Débora (gêmeos), minha esposa
concluiu o curso superior e hoje trabalha como arquiteta. O Senhor nos ajudou
maravilhosamente. Estamos casados há mais de 22 anos e nunca nos faltou nada.
II. NAMORO E NOIVADO
1. Contextualização bíblica
a) Namoro:
Em toda a história bíblica, não se
visualiza o namoro como etapa de algum relacionamento, pelo menos não como
conhecemos atualmente, pois, em regra, os casamentos eram arranjados pelos
próprios pais dos nubentes, alguns até quando os filhos nasciam, o que
envolvia, inclusive, pagamento pecuniário (dote) pela mão da noiva (Gn
34.10,11; Jz 14.2).
Ralph Gower arrazoa:
“Um ‘amigo do esposo, que lhe
assiste’ (Jo 3.29) negociava a favor do noivo em perspectiva e seu pai com um
representante do pai da noiva. Arranjos tinham de ser feitos para a compensação
do trabalho (o mobar) a ser paga à
família da mulher, e piara um dote ao pai da noiva. Ele podia usar os juros do
dote, mas não podia gastá-lo (veja Gn 31.15) porque devia ser guardado para a
mulher, no caso de ela vir a enviuvar ou divorciar-se. Quando tais somas em
dinheiro não podiam ser pagas por causa da pobreza do pretendente, outros meios
eram encontrados, tais como serviço (Gn 29.18) ou eliminação de inimigos (1 Sm
18.25)’’.
Assim, não havia, em regra, esse
contato prévio entre os namorados, haja vista que os pais desempenhavam esse
importante papel na definição das exigências para o estabelecimento da nova
família. O amor, geralmente, vinha em segundo plano.
b) Noivado:
Se, por um lado, na Bíblia não
existe a palavra namoro, as ocorrências da palavra noivado são abundantes,
tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, tratando-se de um compromisso muito
sério, que inibia, inclusive, o homem de ir à guerra (Dt 20.7). Caso houvesse
infidelidade nesse período, o castigo seria a morte (Dt 22.22-24). Esta era a
situação da qual Maria poderia ser acusada, ao ter concebido do Espírito Santo,
e foi por isso que José intentou deixá-la secretamente (Mt 1.18,19).
Esdras Bentho, ao tratar sobre os
direitos dos noivos, menciona, também, a isenção do serviço militar por um ano
(Dt 20.7; 24.5), a fim de que ele pudesse desfrutar fielmente da companhia da
esposa, fortalecendo os laços afetivos, além de trazer alegria a ela. O
escritor ainda visualiza, como motivação para tal mandamento, a integridade da
futura família, impedindo a morte prematura do noivo, para que a mulher não fosse
entregue a outro homem e, assim, não corresse o risco de o esposo morrer sem
deixar descendência.
2. Significados
a) Namoro:
O namoro corresponde a uma
importante fase do relacionamento humano, que deve ser marcado, sobretudo, por
intimidade intelectual e emocional. Nada mais. Tudo o que passar disso foge do
propósito de Deus. É aqui onde os jovens observam se existe verdadeiro amor no
relacionamento, que, óbvio, precisa ser recíproco e igualmente forte. Vê-se,
por exemplo, que Jacó, somente depois de trinta dias que havia conhecido a
Raquel, fez uma proposta de compromisso. Nesse primeiro período de
"pré-namoro”, Jacó estava analisando a sua pretendente, certamente
procurando descobrir seus gostos pelas coisas, seus projetos, seus ideais de
vida, etc.
Foi depois disso que ele teve
coragem de estabelecer o compromisso. Seu "namoro” (ou "noivado”)
estava programado para durar sete anos. Porém, as coisas se complicaram muito
(Gn 29.21-30). Às vezes, os projetos traçados nas vidas dos nubentes que temem
a Deus não saem como planejado, mas o Senhor nunca perde o controle da
situação.
b) Noivado:
O noivado, por outro lado,
corresponde a uma importante fase do relacionamento humano, o qual deve ser
marcado por intimidade intelectual, emocional e social. Nesse momento da vida
dos nubentes, os preparativos para o casamento já ficam mais concretos. Começam
os planejamentos para as compras essenciais do novo lar. A intimidade, nesse
momento, não deve avançar além daquilo que é a vontade de Deus, para não se
perderem bênçãos decorrentes de um relacionamento centrado em Deus (1 Ts 4.3).
Tanto no namoro, quanto no
noivado, entretanto, os jovens devem ter bastante cuidado para não se
relacionarem sexualmente. Isso é algo que tem muito valor diante de Deus e da
igreja. A castidade é uma virtude cristã essencial. A pureza sexual é uma
questão de benção ou maldição na vida do casal. Ê interessante como o Senhor,
ao enviar as cartas às igrejas da Ásia, menciona frequentemente os pecados
sexuais, bem como as suas funestas consequências. Por essa razão, a castidade
deve ser cultivada até o casamento, a fim de que não seja um empecilho para as
abundantes bênçãos do Senhor. Isso é bastante sério.
Lembro-me de um episódio que
aconteceu com um casal de noivos. Após marcarem a data das núpcias na igreja,
uma irmã me disse: “Tive um sonho estranho: Eu ia arrumar uma festa de
casamento no salão da igreja e via uma lama escura e espessa saindo debaixo da
porta. Não entendi nada". Eu pedi a ela para não dizer nada a ninguém. No
mesmo instante, compreendi que aquilo era uma revelação de Deus. Telefonei para
o casal, para conversar. Poucos instantes depois, noivo e noiva estavam
chorando, confessando a fornicação cometida. O casamento foi realizado em outro
ambiente. Ambos sofreram bastante, mas cumpriram o período de disciplina na
igreja, e hoje vivem felizes, servindo ao Senhor. Esta história teve um final
feliz porque eles confessaram o pecado, mas aquele que encobre as suas
transgressões nunca prosperará. Isso é grave.
Realmente, C. S. Lewis toca no
ponto nevrálgico da questão: nossos instintos estão deturpados. A sociedade
moderna está imersa num hedonismo sem precedentes. Em todos os lugares, por
todos os lados, a sensualidade impera. O jovem, dessa forma, é constantemente
bombardeado por apelos de natureza sexual ao assistir TV, navegar na internet
ou, simplesmente, andar pelas ruas. Então, de repente, sem mandar aviso, lá
está uma mulher sensual “vendendo cerveja”, convidando para um "bate papo
virtual” ou andando com vestes provocativas. Isso também acontece, na mesma
medida, em relação ao público feminino.
O importante é não ceder um
milímetro, pois tudo que é alimentado, inclusive o apetite sexual, cresce. Como
dizia C.S. Lewis: "Todos sabem que o apetite sexual, como qualquer outro
apetite, cresce quando é satisfeito. Os homens famintos pensam muito em comida,
mas os glutões também. Tanto os saciados quanto os famintos gostam de estímulos
novos”.
Uma vez se mantendo fiel ao
Senhor, o jovem cristão poderá superar as dificuldades da vida de solteiro e
entrar virgem no casamento. A sociedade chama isso de “tabu” e trata até de
maneira jocosa, mas a cosmovisão judaico-cristã considera a santidade como
sendo algo essencial na vida do cristão.
III. CASAMENTO
1. Significado
Depois de aguardar sete anos e
sete dias (Gn 29.30), Jacó, finalmente, aos 84 anos, casou-se com Raquel. Ele
experimentou, verdadeiramente, o que significa esperar em Deus. Agora, enfim, a
intimidade física seria o ponto alto, pois eles se tornariam uma só carne.
A intimidade física, nessa fase,
mais que um bônus, é um ônus. Agora, o Senhor determina que cada cônjuge pague
ao outro a benevolência devida (1 Co 7.3). Se, no namoro e no noivado, a
restrição sexual era uma exigência intransponível, agora a ordem divina é que
ambos se tornem uma só carne, da mesma forma “que o trinco e a chave são um
único mecanismo, ou o violino e o arco formam um único instrumento musical”.
2. Meios de subsistência
O casamento pressupõe a existência
de um caminho ungido pelo amor, que perpassa pelo namoro e o noivado. Porém,
antes de casar, os nubentes precisam garantir os meios de subsistência
(trabalho) e, para tanto, eles necessitam de preparo intelectual. O emprego
deve sempre anteceder ao casamento, pois ninguém deve casar e ser sustentado
pelos pais. Deus, antes de fazer o casamento de Adão e Eva, deu ao marido uma
casa (Gn 2.8) e um emprego (Gn 2.15). Ademais, está escrito: “Com a sabedoria
se edifica a casa, e com a inteligência ela se firma; e pelo conhecimento se
encherão as câmaras de todas as substâncias preciosas e deleitáveis” (Pv
24.3,4). Assim sendo, a preparação intelectual fornece conhecimento (ciência)
que propicia os meios para a subsistência material da família.
Em minha trajetória de vida
cristã, tenho visto pessoas que se esmeram para ser destaque na sociedade, a
fim de glorificarem a Deus, e outras que se escoram, esperando que as coisas
“caiam do céu”. A recomendação bíblica é em prol das primeiras pessoas.
O Espírito Santo manda que os
“acomodados” olhem como as formigas se preparam para o futuro (Pv 6.6), a fim
de que sejam sábios, complementando que, mesmo não existindo ninguém que as
governe, elas têm um forte compromisso com a vida do formigueiro. A formiga,
ademais, é considerada o animal mais forte do mundo, haja vista poder carregar
(dependendo da espécie) 35, 50 ou até 100 vezes o peso do seu corpo. O conceito
que Deus tem sobre o jovem cristão é que ele é forte (1 Jo 2.14). Isso demonstra
o quanto o jovem deve se esforçar pelo futuro, pois nisso há uma grande
esperança (Jr 31.17). “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31b).
3. Solteiro, porém feliz
Há alguns, como Jacó, que
esperaram muito tempo, e Deus providenciou um casamento. Outros, no entanto,
igualmente fiéis ao Senhor, ficaram sem se casar, como foi o caso de Jeremias
(Jr 16.1,2). Por que isso acontece? A resposta é: soberania divina. Não devemos
questionar os porquês de tantas coisas inexplicáveis. Entretanto, como servos,
cabe-nos agradecer ao Senhor pelo dom da vida e pela sua presença conosco.
Afinal, está escrito: “Canta alegremente, ó estéril que não deste à luz! Exulta
de prazer com alegre canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto! Porque
mais são os filhos da solitária do que os filhos da casada, diz o Senhor” (Is
54.1). Não há motivo para ficar triste, porque o Senhor tem cuidado de você (1
Pe 5.7).
Autor: Reynaldo Odilo
Autor: Reynaldo Odilo
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